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Mortos em ataque de PMs não tinham antecedentes criminais

Informação consta em documento do TJM que decidiu pela prisão dos dois PMs envolvidos na ação, ocorrida na zona sul de SP

São Paulo|Cesar Sacheto e Kaique Dalapola, do R7

PMs foram presos após abordagem que terminou com a morte de 2 suspeitos
PMs foram presos após abordagem que terminou com a morte de 2 suspeitos PMs foram presos após abordagem que terminou com a morte de 2 suspeitos

Os dois homens mortos durante em uma ação da Polícia Militar com mais de 20 disparos, ocorrida em Santo Amaro, na zona sul de São Paulo, na noite de dia 9 de junho, não possuíam antecedentes criminais, segundo decisão que determinou a prisão dos PMs, emitida pelo TJM (Tribunal de Justiça Militar).

Segundo o documento assinado pelo juiz de direito Ronaldo João Roth, do TJM, Felipe Barbosa da Silva, que dirigia o carro perseguido pelos policiais militares, tinha 27 perfurações em várias partes do corpo. Com ele, os PMs afirmam ter encontrado um revólver de calibre 38 e numeração raspada — com cinco munições intactas.

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O homem que ocupava o banco de trás do veículo, Vinicius Alves Procópio, tinha 23 perfurações pelo corpo. Na delegacia, os policiais apresentaram um revólver de calibre 32, também com a numeração suprimida, mas com quatro munições intactas e uma já disparada, atribuído ao morto. No bolso dele também foi encontrada uma aliança com a inscrição de um nome de mulher que, posteriormente, foi devolvida à vítima que teve o carro roubado.

Um sargento e um soldado do 1º BPM/M (Batalhão de Polícia Militar/Metropolitano) foram encaminhados, na noite do último domingo (13), para o Presídio Militar Romão Gomes, localizado na zona norte da capital paulista, após terem prisão decretada

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O advogado Ariel de Castro Alves, especialista em direitos humanos e segurança pública pela PUC-SP e membro do Grupo Tortura Nunca Mais, questionou a ação dos policiais militares, classificada por ele como um fuzilamento.

"As informações são de que o Felipe foi atingido por 27 disparos e o Vinicius por 23 disparos. Essas informações já indicam um fuzilamento. Quem é suspeito de crime deve ser detido e não executado", ponderou o especialista.

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Ação policial flagrada em vídeo

Vídeos publicados nas redes sociais mostram os policiais militares disparando várias vezes contra os suspeitos dentro do carro — que foram baleados antes mesmo de saírem do veículo. Na versão dos policiais, não teria havido disparo. No pedido de prisão do TJM, o juiz aponta que cada policial atirou pelo menos 15 vezes.

Os policiais foram filmados por uma testemunha atirando diversas vezes contra dois suspeitos dentro de um veículo que havia batido em um poste, após uma perseguição. "Os caras tá (sic) metendo chumbo nos caras", diz uma testemunha na gravação.

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"Pelas imagens, aparentemente os PMs não estão agindo como se estivessem numa situação de confronto. Em nenhum momento eles estão se protegendo de disparos. O que podemos ver são eles efetuando disparos quando estavam em posições de ataque e não de defesa", analisou o advogado Ariel de Castro Alves.

Famílias dos mortos falam à Ouvidoria das Polícias

A prisão dos policiais militares foi mantida nesta segunda-feira (14) com base no depoimentos prestados por familiares dos homens mortos à Ouvidoria das Polícias de São Paulo — e já enviados ao MP-SP (Ministério Público de São Paulo) — nesta segunda-feira (14). O procurador-geral de Justiça do estado, Mario Sarrubbo, destacou um promotor de Justiça para acompanhar as investigações.

Segundo os parentes, Vinícius era monitor de van escolar, mas estava sem trabalho desde o início da pandemia da covid-19 devido à suspensão das aulas presenciais. A família nega que o homem possuísse arma ou houvesse participado de roubos anteriormente e reforça que, mesmo tendo feito algo errado, ninguém poderia ter tirado a sua vida. No depoimento, a ação da PM foi comparada a um treinamento e não a uma ação com vidas.

Já Felipe trabalhava como entregador de comidas. Em um telefonema à esposa, feito minutos antes da abordagem ele teria relatado a perseguição e dito que ambos seriam mortos. "Moiô, moiô (sic). Eles vão matar a gente". Na mesma ligação, o rapaz também teria se despedido da esposa e da filha pequena.

Desrespeito e supostas ameaças

Nos depoimentos, também foram relatadas atitudes agressivas por parte de policiais militares em relação aos familiares dos suspeitos mortos no local da ocorrência e durante a elaboração da ocorrência, já na delegacia. 

Além disso, uma atitude suspeita no velório de um dos homens causou preocupação na família: um homem desconhecido gravava imagens da cerimônia. Questionado, ele teria dito que havia entrado no velório errado e saiu sem dar mais explicações. Depois, não foi mais visto no local.

O que dizem as autoridades da segurança pública

Em nota, a SSP-SP (Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo) afirmou que as investigações estão em andamento na Corregedoria da PM e na Polícia Civil — por intermédio de equipes do DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa).

"A Polícia Militar não compactua com desvios de comportamento e se mantém diligente em relação às denúncias ou indícios de transgressões ou crimes cometidos por seus agentes", frisou o comunicado da pasta.

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