Um motorista de aplicativo afirma que está preso há 83 dias por dois crimes que não cometeu. Ele é acusado de esconder no porta-malas 10 kg de maconha e um revólver. O Jornal da Record teve acesso à íntegra das imagens que registraram a abordagem da Polícia Militar em Cotia, na Grande São Paulo. Em nenhum momento, os policiais encontraram a mochila que apresentaram na delegacia.
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Ele foi preso um mês antes do parto do filho. Não pôde ver o nascimento de Samuel por ter sido acusado de tráfico de drogas e porte ilegal de armas. "Ele está lá desesperado, já emagreceu 20 kg em menos três meses. Só chora, porque é difícil pagar por uma coisa que não fez", conta a mulher do motorista, Caroline da Silva Medina.
No dia da prisão, 29 de julho, ele começou o expediente às 5h30. Às 22h28, câmeras mostram o carro dele sendo parado por uma viatura da PM. O passageiro desce.Raphael sai logo depois. Os policiais mandam o motorista esperar do outro lado da rua. Eles conversam com o passageiro, que é liberado sem ser revistado.Vinte e cinco minutos depois, Raphael é preso. "Quando ele chega na delegacia, ele nem sabe porque está preso. Ele vai saber que encontraram supostamente 10 kg de entorpecente no carro dele.. Ele nega veementemente”, afirma a advogada do motorista, Sandra Bento Fernandes Camargo.
Em depoimento, dois policiais militares afirmam que encontraram no veículo 12 tijolos de maconha e uma arma com numeração raspada. No entanto, na gravação, os policiais em nenhum momento vasculham o porta-malas do veículo do motorista. "O único momento que a gente vê movimentação de algum volume é quando um PM abre o porta-malas da viatura, retira algum volume da traseira do veículo, coloca no banco do passageiro da viatura e depois coloca Raphael na viatura”, relata a advogada.
Também chamou a atenção da defesa de Raphael é que quatro policiais participaram o tempo todo da abordagem e da prisão. Mas na delegacia, apenas dois registraram o caso. Um como condutor da ocorrência e outro como testemunha. A advogada também questiona porque o passageiro foi liberado antes de qualquer revista no carro. "A família só quer que esse pesadelo acabe e tudo se resolva logo, que ele volte logo e que quem fez isso pague", desabafa a esposa do motorista.