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Operação da PM em baile funk deixa jovem cega com bala de borracha

Adolescente de 16 anos disse que tiro partiu de viatura da PM. Policiais teriam negado socorro à jovem e seus amigos, que ficou cega por causa do ferimento

São Paulo|Letícia Dauer e Isabela Noleto*, da Agência Record e Gabriel Croquer*, Do R7

À esquerda, jovem a caminho do baile funk onde seria baleada
À esquerda, jovem a caminho do baile funk onde seria baleada À esquerda, jovem a caminho do baile funk onde seria baleada

Gabriela Talhaferro, de 16 anos, perdeu a visão do olho esquerdo depois de ser atingida por uma bala de borracha em operação da Polícia Militar no baile funk da Beira Rio. O episódio ocorreu no último domingo (10), em Guaianases, zona sul de São Paulo. A mãe da jovem, Kelly Talhaferro, denunciou o caso e diz que vai registrar um Boletim de Ocorrência nesta quarta-feira (13). 

Segundo ela, sua filha saiu da cidade onde mora, em Itaquaquecetuba, Região Metropolitana de São Paulo, acompanhada de quinze amigos. O grupo embarcou na Linha 12 - Safira, da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), desceu na estação Guaianases e se direcionou ao baile.

"A Gabriela agora tem pânico. Ela viu policiais militares no hospital, ficou pálida e grudou em mim, morrendo de medo. Ao ver a polícia a gente tem que ficar mais tranquilo, né? E não com medo", desabafou Kelly.

Por volta das 2 horas, viaturas do 28º BPM/M (Batalhão da Polícia Militar Metropolitano) chegaram ao local para dispersar a concentração do evento, fazendo o uso de disparos de arma de fogo para o alto e tiros de borracha.

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Com a ação, as pessoas que estavam no baile se afastaram; algumas ficaram com ferimentos na região do pescoço e na perna, outras foram pisoteadas durante a correria. Como a estação Guaianases já estava fechada e Gabriella não tinha dinheiro para chamar um motorista de aplicativo para ir para casa, ela ficou com um amigo próximo a uma adega, que fica afastada da área onde acontecia o baile funk.

Policiais teriam negado socorro

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Momentos depois, uma viatura da Polícia Militar teria se aproximado do local e disparado contra a adolescente, que foi atingida no olho esquerdo por uma bala de borracha. Segundo Gabriella, quatros oficiais estavam dentro do carro.

O amigo da menina pediu socorro aos policiais, mas eles ameaçaram agredi-los, caso não saíssem de lá, de acordo com a mãe da jovem. O dono da adega prestou apoio, chamou um carro de aplicativo, que levou Gabriella ao Pronto-Socorro Itaquera.

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A paciente teve que ser transferida por uma ambulância ao Hospital Ermelino Matarazzo, pois o pronto-socorro não tinha aparato para atendê-la. Neste momento, Kelly foi avisada sobre a entrada da filha no hospital.

Após a avaliação, a mãe foi informada que Gabriella foi diagnosticada com dilaceração da córnea esquerda. Por isso, foi transferida para um Centro Especializado em Oftalmologia, o Hospital São Paulo.

Perda da visão

No mesmo dia do ocorrido, por volta das 18 horas, a adolescente passou por uma cirurgia. Porém, na última segunda-feira (11), as equipes médicas informaram que Gabriella perdeu completamente a visão do olho esquerdo, sem possibilidade de transplante. Ela ainda corre o risco de ter que fazer a retirada total do globo ocular.

Segundo Kelly, a filha precisa fazer curativos a cada meia hora e vai retornar ao Hospital São Paulo na próxima quinta-feira (14). A família registrará o Boletim de Ocorrência na próxima quarta-feira (13).

Corregedoria vai apurar o caso

O ativista de direitos humanos Darlan Mendes, que presta assistência à família, apresentou o caso à Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo. O ouvidor Benedito Mariano encaminhará à Corregedoria da Polícia Militar, que vai investigar a atuação dos policiais militares no baile funk.

A Polícia Militar afirmou em nota que instaurou procedimento para investigar as circunstâcia do caso. Veja a seguir a nota da PM:

"A Polícia Militar esclarece que, em 9 de novembro, policiais do 28º BPM/M realizavam a operação "Noite Tranquila", com o objetivo coibir ocorrências de perturbação de sossego, quando foi necessário o uso de técnicas de controle de distúrbios para conter a multidão. Até o término da ocorrência não havia relato de pessoas feridas, mas, ao tomar conhecimento do caso citado pela reportagem, o Comando do 28º Batalhão Metropolitano instaurou procedimento apuratório para investigar as circunstâncias. Até o momento, a Polícia Civil não localizou registro de boletim de ocorrência sobre o fato."

*Estagiário do R7 e estagiária da Agência Record, sob supervisão de Ana Vinhas

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