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Presos de Tremembé trabalham sem equipamentos de segurança

Imagens obtidas com exclusividade mostram trabalho sem proteção durante manutenção de laje de pavilhão. Secretaria diz que disponibiliza materiais

São Paulo|Kaique Dalapola, do R7

Presos trabalham sem equipamentos de segurança no Pemano de Tremembé
Presos trabalham sem equipamentos de segurança no Pemano de Tremembé Presos trabalham sem equipamentos de segurança no Pemano de Tremembé

Fotos obtidas com exclusividade pelo R7 mostram pelo menos cinco homens trabalhando sem equipamentos de segurança no CPP (Centro de Progressão Penitenciária) Edgar Magalhães Noronha, o Pemano de Tremembé, a cerca de 150 km de São Paulo.

Os homens cumprem pena em regime semiaberto e fazem parte da equipe de manutenção geral da maior unidade prisional do Estado de São Paulo, que tem capacidade para receber 2.672 presos e, atualmente, tem a população carcerária de 2.944 pessoas, segundo dados oficiais atualizados na terça-feira (14).

Leia também: Presos relatam humilhação e falta de diálogo na maior prisão de SP

Imagens registradas em presídio do interior paulista
Imagens registradas em presídio do interior paulista Imagens registradas em presídio do interior paulista

As imagens foram enviadas para SAP-SP (Secretaria de Administração Penitenciária do Estado de São Paulo), que por meio de nota disse que o setor de sindicância da unidade "prontamente abriu procedimento apuratório para investigar os casos dos reeducandos que não utilizaram equipamentos de segurança durante reparos na unidade".

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Embora não seja possível identificar, a pasta afirma que os presos que aparecem nas imagens obtidas pela reportagem estavam utilizando botas e luvas de proteção, mas vai apurar o motivo de não estarem portando os outros equipamentos que, ainda segundo a secretaria, são disponibilizados pelo presídio.

"Esclarecemos também que os presos recebem os materiais no início dos trabalhos e são orientados dia a dia a utilizar os equipamentos de segurança em todas as atividades laborterápicas e que as substituições dos materiais, quando necessário, são imediatamente realizadas, não havendo motivo para a não utilização", disse a pasta.

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O consultor em segurança do trabalho Walter Policiano, da EHS Ocupacional, explica que, além de fornecer os materiais e dar treinamento aos funcionários, o empregador precisa fiscalizar se os empregados estão utilizando os materiais de proteção.

Preso trabalha sem proteção
Preso trabalha sem proteção Preso trabalha sem proteção

Quando o empregado não utiliza os materiais de proteção, segundo Policiano, o encarregado ou segurança de trabalho deve orientar o funcionário, advertir sobre a obrigatoriedade do uso e, em casos de reincidências, deve submeter a novos treinamentos.

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Para o advogado Lucas Vinicius Salomé, especialista em direito do trabalho pós-graduado na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no caso da utilização de equipamentos de segurança nos serviços do presídio, a fiscalização deve ser feita pelo Estado.

De acordo com Salomé, os empregados não podem ser autorizados a fazer os serviços caso não estejam utilizando os equipamentos de proteção. "O empregador não pode deixar ele [funcionário] trabalhar sem esquipamentos, e deve aplicar as penas administrativas pertinentes, como advertências, suspensão e, dependendo de como for, a demissão”.

As fotos dos presos sem equipamentos de segurança teriam sido registradas na primeira semana do ano, quando a equipe de manutenção da unidade precisou trocar telhados de pavilhões que haviam sido arrancadas devido às fortes chuvas que atingiram a região.

Preso quebrou perna e braços em serviço em CPP
Preso quebrou perna e braços em serviço em CPP Preso quebrou perna e braços em serviço em CPP

Durante esses serviços de manutenção, no dia 3 de janeiro, o pedreiro Flávio Pinto Rosa caiu do telhado de um dos pavilhões e fraturou os dois braços e uma perna em dois lugares. De acordo com a SAP-SP, ele foi prontamente socorrido e ficou internado até o último domingo (12). Agora está em quadro estável, em recuperação na unidade prisional.

Segundo a família do pedreiro, dias antes de sofrer o acidente, Rosa havia relatado seu medo de trabalhar na penitenciária justamente por não usar nenhum tipo de equipamento de proteção. Conforme a família, ele fez o desabafo durante o período que estava na rua, em saída temporária de fim de ano.

Materiais que secretaria diz que disponibiliza a presos que trabalham
Materiais que secretaria diz que disponibiliza a presos que trabalham Materiais que secretaria diz que disponibiliza a presos que trabalham

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