A Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo abriu uma sindicância para apurar uma denúncia de comportamento racista por parte de um professor que, durante uma aula virtual, utilizou uma máscara preta para ilustrar uma conversa com uma paciente do SUS (Sistema Único de Saúde), retratada como pobre e supostamente ignorante.
"Eu não como essas comidas de fraco daqui do SUS, não, sabe? Eu não como, não. Eu como comida de macho, de mulher macho. Você está entendendo?", disse o professor na live.
A denúncia foi feita por alunos. O centro acadêmico, que representa os estudantes da instituição, solicitou que haja formação antirracista para toda a faculdade.
O professor Ronald Sergio Pallotta Filho foi suspenso. Em nota, ele disse que usou a máscara como encenação, porque não sabia o que era blackface. E pediu desculpas.
Blackface
Pintar o rosto de preto, prática conhecida como blackface, foi popularizada pelo cinema norte-americano há mais de um século. Os negros ainda viviam segregados, mas apareciam nas telas representados por brancos com a cara pintada, sempre felizes e sorridentes. Hoje, o blackface é visto como uma ação que repete um passado inaceitável.
"É até possível que esse médico não esteja imbuído de uma intencionalidade de ofender, de agredir. Mas, para algumas coisas, não basta a intencionalidade. É indispensável que se compreenda o fundamento, contexto e principalmente potência do ponto de vista sensitivo dessa coisa causar mal-estar para mim ou para você", avaliou José Vicente, reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares.