Dos 508 homicídios investigados pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) entre janeiro e outubro de 2017 na cidade de São Paulo, 263 foram praticados por policiais. Isso representa 51% do total.
Os dados foram apresentados nesta terça-feira (9) pela diretora do DHPP, por Elisabete Sato, em debate promovido pelo MPD (Movimento do Ministério Público Democrático).
Essa divisão da Polícia Civil investiga apenas casos de homicídio em que o autor não é conhecido. A delegada afirmou que "a população mudou" e que "a população odeia a sua polícia".
Elisabete explicou que os investigadores do DHPP relatam dificuldades de entrar em algumas favelas e bairros periféricos da cidade de São Paulo.
“Eu converso muito com os nossos investigadores. Os nossos investigadores falaram na semana passada: 'Doutora, tá difícil entrar na Paraisópolis. Nem a PM e nem a Rota [Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar] está entrando lá'”, revelou.
Por exemplo, no caso das meninas Adrielly Mel Severo Porto e Beatriz Moreira dos Santos, ambas de 3 anos, encontradas mortas por moradores em São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo, em um carro no dia 12 de outubro, a polícia “só entrou, porque foi homicídio”, afirmou.
A delegada citou ainda o número de casos esclarecidos pelo DHPP: "39,7%". E acrescentou. “Como profissional, como mulher, como pessoa, como cidadã não estou satisfeita.”
O debate contou ainda com a presença da presidente do MPD, a promotora de Justiça do MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) Laila Shukair; do promotor de Justiça do MP-SP Arual Martins; da procuradora de Justiça do MP-SP, Valderez Deusdedit Abbud; do jornalista e pesquisador do NEV (Núcleo de Estudos da Violência) da USP, Bruno Paes Manso; e do comandante do policiamento da área central da cidade, Francisco Alves Cangerana Neto.
O comandante do policiamento da área central de São Paulo ressaltou a importância de a PM estar espalhada por vários lugares da capital.
“A presença física da polícia vai apaziguar uma briga, impedir uma ação violenta, vai ter uma ação imediata”, disse.
Cangerana Neto deu como exemplo o policiamento na Cracolândia, região central da cidade, e defendeu que a permanência constante da polícia no local inibe o crime. “Eu quero o policial bem perto para não ter o 'disciplina' com fuzil”, afirmou. O comandante, porém, não deu detalhes sobre a presença do tráfico na região.