Sutilmente, a natureza está tomando partido no embate entre os grafiteiros da metrópole e o prefeito tucano João Doria. A ação do tempo, o sol e a chuva afetaram a cobertura cinza que a prefeitura fez sobre os grafites na avenida 23 de Maio e os desenhos multicoloridos estão voltando, disputando cada centímetro possível.
O monocromático cinza ainda predomina, porém, o renascimento dos respingos coloridos é um alento para quem dirige alguns quilômetros com uma vista empobrecida de cores.
A cobertura dos grafites na 23 de Maio começou em janeiro. Dos cerca de 70 painéis original, que formavam uma galeria a céu aberto, apenas oito foram preservados pela prefeitura.
Em fevereiro, uma decisão judicial proíbe que a prefeitura apague grafites espalhados pela cidade sem a autorização do Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de São Paulo).
Os grafites que estão ressurgindo agora na 23 de Maio foram feito há cerca de um ano e meio atrás. A iniciativa de grafitar os muros públicos e viadutos da avenida foi do prefeito Fernando Haddad (PT).
O grafiteiro João Belmonte, autor de um painel na 23 de Maio que ainda está escondido sobre a cobertura cinza, fez uma análise sobre a atuação do tempo na pintura feito pelos agentes municipais. "São Paulo é uma cidade violenta que foi tatuada com cores, daí tentam lhe dar aparência de calma, passando maquiagem barata, mais que custa caro. No entanto, a cada chuva é como lágrimas no rosto do palhaço que desmancha e mostra quem ela realmente é."