Câncer de mama: após ser abandonada por namorado, ex-modelo supera doença e dá a volta por cima

Flávia retirou as mamas por causa da doença e superou obstáculos sem perder a beleza

Saúde|Do R7

30/10/2013 - 00h30 (Atualizado em 20/04/2024 - 10h56)

Durante todo o mês de outubro, o R7 publicou histórias
comoventes e de superação em comemoração ao Outubro Rosa, mês de
conscientização do câncer de mama. Para encerrar essa série com uma mensagem de
otimismo e alto-astral, convidamos a escritora Flávia Flores, de 36 anos, que
luta contra a doença há um ano. Apesar do susto e desespero quando recebeu a
notícia inesperada, Flávia conseguiu transformar o que achava ser uma tragédia
no livro Quimioterapia e Beleza, lançado recentemente no País. Veja

Texto e entrevista: Fabiana Grillo e Camila Savioli*, do R7
*Estagiária do R7

R7: Você expôs sua imagem
nas redes sociais desde o diagnóstico da doença. Foi uma forma de desabafar?

Flávia: Expus a minha imagem sem querer. Por incrível que possa
parecer, o diagnóstico de câncer de mama afastou meus amigos e, para manter um
canal de comunicação com eles, criei uma página no Facebook. Foi assim que
consegui aproximá-los e “quebrar o gelo”

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R7: Mas, este canal de
comunicação virou um livro de dicas de beleza para as mulheres cm câncer de
mama. Como isso aconteceu?

Flávia: Após uma pesquisa no Google, não achei nada relacionado à
estética para mulheres com câncer. Por identificar essa deficiência de
informação, batizei a página do Facebook com o nome de Quimioterapia e Beleza.
A grande surpresa foi que minhas dicas começaram a ser vistas não só pelos meus
amigos, mas também por milhares de mulheres e
famílias. Foi assim que o projeto cresceu e virou o livro lançado
este mês em comemoração ao Outubro Rosa

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R7: Manter a feminilidade
é fundamental para o sucesso do tratamento?

Flávia: Estar de bem com a vida, bonita e feliz é
importante para qualquer mulher, não só para as que têm câncer. Trabalhei com
moda por mais de 20 anos e, claro, isso me deu uma bagagem enorme para
construir este projeto. Pequenas dicas, como formas de amarrar o lenço na
cabeça, maquiagem e cílios postiços, são ferramentas de beleza indispensáveis
durante esta batalha. Não podemos nos entregar para a doença e esquecer que
somos mulheres

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R7: Como foi lidar com a
perda do cabelo?

Flávia: Acho que perder o cabelo é o maior medo de todas as mulheres
que precisam passar pela quimioterapia. E comigo não foi diferente. Sempre fui
muito vaidosa, tinha cabelo comprido e nunca imaginei ficar careca. No começo, fiquei revoltada, mas, com o tempo e os truques de beleza, consegui me aceitar. Coloquei cílios postiços, peruca e investi em uma
alimentação saudável para ficar bonita e elegante

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R7: Como seu cabelo era
longo, você o usou para fazer uma peruca?

Flávia: Sim, mas doei para uma fã da minha página no
Facebook. Ela recebeu o diagnóstico um mês depois do meu e estava desesperada
porque ficaria careca e feia. Ela não tinha condições financeiras de comprar
uma peruca, que custa em torno de R$ 4.000 a R$ 5.000. Fiquei comovida e mandei
meu cabelo para ela fazer uma peruca. Ela precisava mais do que eu

R7: Você também recebe
mensagem das famílias?

Flávia: Sim. Uma vez recebi uma mensagem de um marido
agradecendo por eu ser a inspiração da mulher dele. Ela estava lutando contra o
câncer muito bem graças ao meu trabalho. Ele me contou que ela entrava todos os
dias no meu Facebook para ler as dicas. Estas mensagens me deixam
emocionada. Eu também recebo pedidos de crianças sobre dicas para ajudar as
mães. Além disso, fico feliz de saber que mulheres que nunca foram vaidosas se
tornaram por causa do meu blog. Consegui aplicar uma injeção de ânimo em todas elas

R7: O desespero durou
dias ou meses... Como você o superou?

Flávia: Os dez primeiros dias após o diagnóstico foram terríveis
porque tinha muitas dúvidas e não sabia se ia morrer. Além disso, via todo
mundo chorando pelos cantos, com pena de mim. O quadro de lamentação e tristeza
só mudou quando resolvi enfrentar a doença. Foi assim que minha família se
acalmou e me apoiou nesta batalha

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R7: Você comentou que perdeu o namorado por causa do câncer? Como isso aconteceu?

Flávia: Eu tinha 35 anos. Estava saindo com ele há pouco tempo, mas ele sumiu. Apesar de imaginar que poderia ser um transtorno
para ele [a doença], pensei que ligaria no Natal, mas não ligou... Sumiu. Ele não conversou e nem terminou comigo dignamente. Depois desse abandono, tirei forças do amor da minha família

R7: Em qual estágio do
tratamento você se encontra?

Flávia: Já fiz um ano de quimioterapia, mas ainda faltam seis meses.
Tenho uma proteína chamada HER positivo e isso acelera o crescimento do tumor,
por isso meu tratamento é mais longo. Apesar de acabar em maio do ano que vem,
sei que vou ter que me cuidar para sempre

R7: Você está viajando
pelo Brasil para lançar o livro. Como está o feedback das mulheres?

Flávia: O livro virou um manual com dicas de beleza para mulheres
com câncer. Os encontros com as leitoras estão sendo muito legais porque elas
aparecem com lenços e perucas e com um bom astral. Sei que muito disso tem um
dedinho meu. Já fiz o lançamento em São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis,
mas ainda vou viajar para outras cidades

R7: Qual mensagem você
deixaria para as mulheres que estão lutando contra o câncer de mama?

Flávia: Eu reforço que a gente pode perder o cabelo, a
cor, a forma e até o namorado, como aconteceu comigo, mas nunca podemos perder
a autoestima. Estar bem-resolvida, feliz e confiante ajuda muito no sucesso do
tratamento. Além disso, é importante ficar perto das pessoas que realmente se
importam com a gente. Quando a gente fica doente, muitas pessoas vão embora da nossa vida

Durante todo o mês de outubro, o R7 publicou histórias comoventes e de superação em comemoração ao Outubro Rosa, mês de conscientização do câncer de mama. Para encerrar essa série com uma mensagem de otimismo e alto-astral, convidamos a escritora Flávia Flores, de 36 anos, que luta contra a doença há um ano. Apesar do susto e desespero quando recebeu a notícia inesperada, Flávia conseguiu transformar o que achava ser uma tragédia no livro Quimioterapia e Beleza, lançado recentemente no País. Veja Texto e entrevista: Fabiana Grillo e Camila Savioli*, do R7 *Estagiária do R7