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Quase 80% dos médicos sofreram violência pelo menos 1 vez no trabalho

Maioria dos casos é no SUS; enfermeiros também passam por constrangimentos

Saúde|Ana Luísa Vieira, do R7

Médicos sofrem violência verbal, física e psicológica
Médicos sofrem violência verbal, física e psicológica Médicos sofrem violência verbal, física e psicológica

Quase 80% dos médicos do Estado de São Paulo (77,7%) afirmaram ter sofrido violência pelo menos uma vez no trabalho, entre agressões físicas, verbais e psicológicas. Entre os enfermeiros o índice é de 73,6%. Os dados são de uma pesquisa realizada pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) e pelo Coren-SP (Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo) entre janeiro e fevereiro de 2017, que foram apresentados na manhã desta quarta-feira (15). Para o levantamento foram ouvidos 5.658 profissionais.

De acordo com a pesquisa, mais da metade das agressões — contra os dois tipos de profissionais — ocorreu em hospitais e postos do SUS (Sistema Único de Saúde). Entre os médicos o índice chega a 59% e entre os enfermeiros 57%. Em ambas as profissões, a violência verbal é a mais comum, seguida da psicológica e depois da física. 

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Segundo o conselheiro do Cremesp Braulio Luna Filho, a "violência é maior contra médicas e enfermeiras. É um reflexo da preponderância da violência contra as mulheres na sociedade como um todo, já que elas historicamente vivem situações de maior vulnerabilidade". 

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— Embora a maioria dos casos aconteça no SUS, o que nós observamos no dia a dia de trabalho é que a violência é universal. Acontece em consultórios e hospitais da rede particular. Hoje, ter convênio não evita filas ou garante atendimento imediato. E muitas vezes o paciente chega querendo respostas instantâneas. 

Na opinião da presidente do Coren (Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo), Fabiola Campos, a violência impacta diretamente na assistência prestada.

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— O profissional se sente agredido e entra em uma dicotomia, ou seja, eu cuido, mas não sou cuidado. Isso causa danos ao psicólogico dos profissionais e na motivação pra trabalhar, e acaba influenciando nos atendimentos. A violência termina se voltando contra a própria sociedade.

O presidente do Cremesp, Mauro Gomes Aranha de Lima, reforça o coro, e defende uma postura de maior diálogo e tolerância entre médicos e pacientes. 

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— Toda atitude de prevenção requer a participação de todos os entes que compõem uma sociedade. O Estado, os profissionais de saúde, as próprias pessoas atendidas. Na medida em que a violência está no mundo, está no país, está na cidade, por que ela não estaria nos hospitais? O importante é que todos se coloquem diante de uma postura mais tolerante e em uma cultura de paz. O poder do médico e do enfermeiro é o poder de cuidar, e o poder do paciente é se colocar na consulta, ser ouvido e também confiar naquele profissional que o está atendendo. É essa conjugação de poderes que pode resolver a situação de violência.

Providências

Chama atenção também o baixo número de profissionais que tomou providências cabíveis após sofrer as agressões: apenas 25% dos médicos e 35% dos enfermeiros fizeram algum tipo de denúncia para a chefia imediata ou por meio de boletins de ocorrência.

De acordo com a pesquisa, somente 12% dos médicos afirmou receber algum tipo de orientação no local onde trabalha em relação à violência durante o exercício da profissão.

Nesta quarta-feira, a prioridade dos médicos e enfermeiros foi debater casos e discutir medidas para o acolhimento às vítimas e enfrentamento da situação. O objetivo é definir medidas de orientação aos profissionais — que devem recorrer a denúncias tanto para a chefia imediata quanto para a Secretaria de Segurança Pública, segundo Luna Filho.

— As categorias precisam rever, repensar e notificar as situações de violência. A maioria dos profissionais respondeu que não notifica ou denuncia os atos de violência por medo de represálias. Isso já evidencia a falta de políticas efetivas para evitar e combater as agressões. 

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