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Iniciativas tentam levar homem à Lua novamente

Satélite não tem mais tanto "prestígio" quanto Marte, mas ainda tem seus fãs

Tecnologia e Ciência|Do R7*

Lua já não é mais o alvo preferido dos cientistas
Lua já não é mais o alvo preferido dos cientistas Lua já não é mais o alvo preferido dos cientistas

Depois da Apollo 17, as missões à Lua acabaram não porque países como os Estados Unidos e a antiga União Soviética perderam a capacidade de enviar seres humanos para lá, mas porque ela foi perdendo o "encantamento" na época. No entanto, ainda existem planos e ideias para aproveitar a Lua e fazer dela um novo ponto turístico e até um novo lar.

Apesar das condições adversas, muita gente ainda quer morar na Lua ou pelo menos fazer uma visita ao satélite. Alguns projetos da Nasa, da China e do Japão ainda buscam explorar a Lua para encontrar mais respostas sobre a origem do universo e algumas iniciativas privadas têm até planos de levar pessoas para viver lá.

FOTOS: conheça todas as missões Apollo da Nasa

45 anos da chegada do homem à Lua: saiba como foi a missão Apollo 11

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Para Ulisses Cappozoli, editor chefe da Scientific American Brasil e mestre e doutor em ciências pela USP (Universidade de São Paulo), se a Lua fosse ocupada, as colônias ficariam do seu lado visível, enquanto o chamado “lado oculto da lua” ficaria vazio e livre de poluição de rádio, tornando-se o ambiente perfeito para observar o espaço profundo e possivelmente fazer contato com civilizações extraterrestres.

— A ocupação lunar ficaria no lado visível da Lua porque de lá seria possível ver a Terra. Além de ter a questão da familiaridade. Imagine a Terra em fase cheia no espaço, com sua luz azulada!

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Ele explica que, como tudo na Lua muda muito lentamente, a região onde pousou a Apollo 13 ainda está preservada, o que levaria muitos a quererem conhecer o local “turístico”.

Neil Armstrong (foto) comandou a "visita" mais conhecida à Lua: a missão Apollo 11
Neil Armstrong (foto) comandou a "visita" mais conhecida à Lua: a missão Apollo 11 Neil Armstrong (foto) comandou a "visita" mais conhecida à Lua: a missão Apollo 11

— Os japoneses têm planos para construir hotéis na Lua. Os chineses também. Atualmente acho que o principal motivo que pode levar o homem à Lua seja muito mais o turismo e não mais uma questão armamentista.

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O projeto Artemis é uma das iniciativas que pretendem levar o homem à Lua novamente. O ambicioso projeto de iniciativa privada tem a ideia de formar uma colônia autossustentável no nosso satélite natural.

O diretor industrial da Inbra Aeroespace e doutor em engenharia aeronáutica e mecânica pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), Melis de Bruyn, vê a questão do turismo espacial com cuidado. Para ele, as missões espaciais de iniciativa privada devem ser vistas com cautela até que tenham o mesmo nível de segurança operacional atingido pelas agências governamentais.

— As iniciativas de empresas privadas são um grande fator de redução de custos de uma missão espacial, pois certamente, ao visarem lucro, os custos devem ser extremamente acompanhados e mantidos, o que tende a baratear o custo final de uma missão. Por outro lado os riscos de acidente aumentam.

Segundo o engenheiro, as regras que definem os requisitos necessários às missões podem ainda não estar maduras o suficiente para que qualquer organização privada possa fazer suas missões de modo seguro.

O astrônomo Marcos Calil, coordenador científico do Planetário e Teatro Digital de Santo André, afirma que, além da China, que fotografou o solo lunar com a sonda Chang-e 3, em 2013, outros países têm propostas de explorar a Lua, não para colonizar, mas para descobrir mais sobre nossa origem.

— Existe uma proposta futura da Nasa de tecnologia robótica para recolher amostras no Polo Sul Lunar com retorno para a Terra. Ela vai analisar uma enorme cratera de impacto que dá acesso a amostras do manto lunar, o que poderia dar aos cientistas uma visão sobre as origens do sistema solar.

Lua anda sumida

Segundo Ulisses Cappozoli, houve uma espécie de “volta ao passado” à medida que a corrida armamentista entre Estados Unidos e União Soviética foi cessando. Cappozoli explica que a conquista da Lua era uma “questão de prestígio”.

— Havia um confronto entre Estados Unidos e União Soviética. Cada um queria mostrar a vantagem de um sistema sobre o outro. Era uma questão de propaganda sobre a eficiência de cada sistema.

LEIA MAIS: Missão que levou o homem à Lua completa 45 anos

A China continuou suas pesquisas e se tornou o terceiro país a enviar uma sonda para a Lua, a Chang-e 3, e existem rumores de que o país continua com planos de explorar a Lua.

O desafio de pisar em Marte fez com que muitos passassem a olhar o planeta vermelho como a próxima conquista humana. Isso fez com que as missões marcianas ganhassem mais atenção do que as lunares.

Marte x Lua

Para Ulisses Cappozoli, a Lua deve ser vista mais como uma espécie de trampolim para chegar até Marte. Ao contrário do nosso satélite natural, que tem condições muito adversas, Marte é o planeta do sistema solar mais parecido com a Terra, apesar de ser um grande deserto.

— Marte tem atmosfera e uma certa quantidade de água. Não seria difícil construir uma colônia humana em Marte e eu acho que não vai demorar muito para encontrarem algum tipo de vida lá.

Marte virou destino favorito dos cientistas por sua atmosfera mais "agradável"
Marte virou destino favorito dos cientistas por sua atmosfera mais "agradável" Marte virou destino favorito dos cientistas por sua atmosfera mais "agradável"

O cientista explica que a Lua, ao contrário, é muito mais “estéril e agressiva”. Lá quase não há atmosfera, por isso, é impossível imaginar um corpo pousando lá usando paraquedas. São necessários foguetes de retropropulsão que permitem um pouso suave.

Apesar de não gerar mais o mesmo encantamento de 45 anos atrás, a Lua mantém certo status em disputas de poder tecnológico. Entretanto, segundo Calil, os Estados Unidos estão longe de quererem entrar em uma nova corrida espacial, apesar das investidas da China.

— Lembro-me de uma palestra a que assisti no Egito, em 2009, onde um profissional da Nasa afirmou categoricamente que a China desejava iniciar uma nova corrida espacial para a Lua. Ironicamente, em 2008, quando a Nasa comemorava 50 anos de existência, o presidente Barack Obama anunciou um corte significativo de verbas destinadas para ela.

O astrônomo Marcos Calil explica que, para os entusiastas pela ciência, o interesse por Marte acabou tomando o lugar da Lua. Ao contrário do nosso satélite, Marte ainda não foi pisada pelo homem e este acontecimento ainda paira na ficção científica.

— Afinal, já fomos e voltamos diversas vezes para a Lua, enquanto que para Marte... Somente mesmo os robôs estão por lá.

* Colaborou Amanda Martins, estagiária do R7

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