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Watch pode definir o futuro de tecnologia de vestir

Além dos concorrentes usuais, Apple também deve lutar contra marcas famosas da moda

Tecnologia e Ciência|Tiago Alcantara, do R7

Apple se arrisca no mundo da moda com o Apple Watch
Apple se arrisca no mundo da moda com o Apple Watch Apple se arrisca no mundo da moda com o Apple Watch

O discreto CEO da Apple, Tim Cook, estava visivelmente animado, mesmo ao final de apresentação que já durava uma hora. Mas a gigante tecnológica norte-americana "tinha mais uma coisa" para mostrar: sua entrada no mercado de tecnologia de vestir, o Apple Watch. O relógio inteligente da empresa era tão aguardado pelo mercado que o próprio Cook usou por diversas vezes o termo iWatch durante o evento e nas entrevistas que se seguiram - mesmo sem entrar no nome oficial, o "i" no nome do relógio foi extensamente utilizado pela imprensa na divulgação dos rumores sobre o aparelho.

FOTOS: conheça de perto o relógio Apple Watch

Não é para menos, o próprio Cook confessou que a investida no mundo dos wearables ou "vestíveis" é algo que a companhia nunca havia feito. Paralelamente, o lançamento indica o caminho que deve ser trilhado pela empresa, que aos poucos começa a se afastar do "estilo Steve Jobs".

Na última terça-feira (9), Tim Cook apresentou o Watch como o "produto mais pessoal" da história da companhia. Mais uma vez, a responsabilidade recaiu sobre os ombros de Jony Ive, o vice-presidente de design da Apple e responsável por dar uma cara aos principais produtos de sucesso da empresa desde a retomada do falecido ex-CEO ao comando da maçã. Foram três anos planejando o design do produto, que chega ao mercado apenas no início de 2015.

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— Tem impulsionado a Apple desde o começo. Essa compulsão por usar tecnologia incrivelmente poderosa e torná-la acessível, relevante e pessoal. Nós desenvolvemos uma série de produtos, todos pessoais. Você não os coloca em uma mesa ou nos bolsos. Você os veste no pulso. Nós concebemos, criamos e desenvolvemos o Watch como um produto completamente singular. Você não pode determinar o limite entre o objeto físico e o software.

Tecnologia pessoal e moda

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Serão três coleções diferentes, cada uma com modelos diferentes: uma coleção "básica" chamada de Apple Watch, com pulseiras de couro e aço inoxidável - o modelo é o único que tem preço: US$ 349; a coleção Sport, voltada para quem pratica atividades físicas e com pulseiras coloridas e a coleção Watch Edition, com relógios de luxo, com corpo banhado a ouro.

Contando com uma tela de safira com display Retina e uma nova forma de inserir dados: a interface do acessório trabalha com um botão de rolagem chamado de Digital Crown que permite ao usuário fazer seleções mais rapidamente, enquanto deixa a tela livre para visualização. O Watch também responde a gestos e multitoques, assim como apertos e toques pequenos. O relógio também será carregado por indução, mas a empresa foi reticente sobre quanto tempo sua bateria deve durar - ponto fraco nesse tipo de acessório frente aos relógios normais.

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Watch deve ser "dependente" do iPhone
Watch deve ser "dependente" do iPhone Watch deve ser "dependente" do iPhone

Outro ponto bastante criticado é a dependência do iPhone para que o relógio seja pareado e tenha boa parte de suas funções ativas. Problema comum a boa parte dos outros aparelhos da concorrência. As limitações desse tipo de acessório podem colocar em dúvida até onde um relógio inteligente pode ser útil.

Mais do que informar as horas, o relógio da Apple tem o objetivo de se conectar com o seu dono em um nível pessoal e íntimo. Uma transição dos produtos da empresa do mundo puramente tecnológico para a criação voltada para a moda. A empresa explica que está colaborando com diversas empresas diferentes na fabricação do produto e que também deve ter a colaboração de parceiros na confecção de suas pulseiras.

Comparativo: os novos iPhones contra seus principais rivais

Relembre a evolução do smartphone da Apple

De acordo com a especialista em wearables e diretora de pesquisas do grupo Gartner, Angela McIntyre, essa entrada não causa nenhuma ruptura com o modelo vigente, como o iPhone e o iPad causaram.

— O Apple Watch não deve ser um produto icônico, como o iPhone e o iPad, que todos economizam para comprar. O Watch ainda precisa de um exemplo "matador" de uso para ser algo que você precise. No geral, o Watch tem capacidades similares aos outros relógios inteligentes, incluindo o monitoramento de atividades. O melhor exemplo de uso é para pessoas que precisam checar seus telefonemas a todo momento. Vestir um smartwatch permite que esses usuários vejam suas chamadas discretamente e respondam às mensagens. Os usuários também podem comprar coisas com o relógio usando o Apple Pay, o que significa que o Watch foi construído com NFC, mas os vendedores ainda estão adotando pagamentos com NFC de forma lenta.

Já a jornalista especializada em moda e criadora do site Fashion Square, Marcela Leone, comenta que o acessório deve cativar até quem não usa relógios.

— Já havia visto os gadgets do tipo de outras marcas e nunca me interessei. Eles acertaram em cheio quando planejaram não só a funcionalidade, mas também o design. Tanto que lançaram em três versões e uma delas é até banhada a ouro 18 quilates. Outra aposta que criou desejo foram as pulseiras, disponíveis em diversas cores e materiais e que se adequam a diferentes ocasiões.

Além dos meios de pagamento, a Apple investe em uma nova forma de comunicação entre os donos do seu relógio. Para isso o Watch será capaz de compreender suas mensagens e oferecer opções de respostas. Usando desenhos feitos com os dedos e até mesmo emoticons animados, a empresa tentará substituir a entrada de texto, que é algo deficiente na maioria dos smartwatches presentes no mercado.

Concorrência

Samsung brincou com relógio da Apple
Samsung brincou com relógio da Apple Samsung brincou com relógio da Apple

Mais uma vez a Apple se prepara para uma boa briga contra suas concorrentes. Nas últimas semanas foram anunciados vários relógios inteligentes, dentre eles o Gear S da Samsung e o Moto 360, da Motorola.

Entre os diferenciais do aparelho da Samsung estão seu design com display curvado e conectividade 3G, Bluetooth e Wi-Fi, fazendo o relógio ser funcional mesmo sem estar pareado com um celular. Já o Moto 360 vai contar com o sistema operacional Android Wear e receberá comandos de voz.

Se a crítica especializada em tecnologia insiste em comparar o Watch com as opções que surgem no mercado, o mundo da moda tem uma recepção diferente do produto. A maçã vai colocar à prova o quanto é um símbolo de status - e o Brasil é um bom mercado para o teste, comenta a blogueira do Fashion Square.

— Não há como negar que a Apple é uma marca de desejo. Mas isso foi conquistado porque eles entendem mesmo de design. Apesar disso, acredito que, principalmente no Brasil, o Watch venderá mais por ser da empresa, não por ter várias funções e ser bonito.

O conhecimento de marketing da Apple e o grande orçamento de propaganda vão ao menos aumentar o interesse sobre os relógios inteligentes entre os consumidores e fazê-las considerarem sua compra, segundo a analista do grupo Gartner. Não demorou muito para a Samsung - uma das principais rivais da companhia norte-americana no mercado de tecnologia - se manifestar provocando o Watch. Em uma série de vídeos, a sul-coreana alfinetou o relógio, demonstrando que já tinha dado atenção aos wearables antes.

Se toda a expectativa e legião de fãs da Apple podem dar ao Watch um chance maior frente aos outros smartwatches, é bastante provável que a companhia tenha dificuldades contra os "relógios convencionais" - principalmente ao bater de frente contra marcas conhecidas e tradicionais do ramo.

— Pessoas que possuem mais de um relógio de luxo devem se interessar no Watch Editon para vestir em alguns dias. O apelo dos relógios de luxo depende principalmente da reputação da marca. Compradores desses produtos pensarão em marcas como Omega, Rolex ou Patek Phillipe e não devem considerar o relógio da Apple porque produtos de luxo não são parte da imagem da marca Apple.

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