Após a Câmara dos Deputados ter votado, no fim da noite de quarta-feira (23), mudanças na lei para permitir uma redução dos impostos sobre o diesel, o texto segue para o Senado, mas o presidente da Casa, Eunício Oliveira (MDB-CE) não estará lá para discutir o tema que poderia acabar com as paralisações de caminhoneiros.
Ele viajou nesta quinta-feira (24) para o Ceará, onde cumpre agenda ao lado do governador Camilo Santana (PT).
Ao publicar em seu Twitter informações sobre o evento do qual participaria na tarde de hoje, o senador sofreu críticas de internautas.
"Estarei nesta quinta-feira (24) com o governador Camilo Santana e o ministro do Desenvolvimento Social, Alberto Beltrame. Juntos, anunciaremos a liberação de recursos para o Programa de Cisternas no Ceará, que vai garantir o abastecimento d’água a milhares de famílias cearenses", publicou.
As reações foram de indignação. "Aí o Brasil pegando fogo e Eunício fazendo politicagem para ganhar eleições em outubro!", escreveu uma mulher.
Outra seguidora também manifestou insatisfação com a atitude do senador. "Alô alô Eunício, você deveria estar em Brasília para resolver a questão dos caminhoneiros. Deixa pra puxar saco de apadrinhado depois. Cadê a responsabilidade com o povo?".
"Enquanto o país pega fogo por conta da gasolina, o senado não vota redução de impostos por que você viajou?", questionou um homem.
Com a ausência de Eunício pelo menos até domingo, a votação que poderia encerrar os protestos de caminhoneiros fica para semana que vem.
Antes de viajar, Eunício disse que ainda não havia recebido "nada" referente ao texto aprovado na Câmara. Ele lembrou que a pauta da Casa está trancada devido a Medidas Provisórias, o que também impediria que o projeto fosse votado imediatamente.
A viagem de Eunício ao Ceará desagradou fortemente um dos líderes dos caminhoneiros. O presidente da Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros), José da Fonseca Lopes, disse que, sem a presença do presidente do Senado para tentar aprovar a redução dos impostos sobre o diesel, a chance de o movimento terminar nesta quinta-feira cai de até 90% para 5%.
"Se o presidente do Senado viajou para o Ceará, é porque quer ver o circo pegar fogo", disse.
Segundo Lopes, Eunício "também será responsabilizado".
"A informação sobre a viagem de Eunício me deixou preocupado porque pode gerar caos nesse país. Fiquei com um sentimento de revolta. Nas entrevistas, apareceram os presidentes da Câmara e do Senado bonitinhos em frente às câmeras para dizer que vamos resolver isso. Agora, um agiu [para aprovar] e outro já [está] na casa dele tomando uisquinho com água de coco. Não é por aí. E a gente aqui comendo o pão que o diabo amassou. Se for isso aí, a coisa não vai ficar boa".
O R7 procurou a assessoria de imprensa do Senado para comentar a viagem de Eunício, mas até o momento não obteve resposta.