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Inclusão no ensino superior ainda é desafio no Brasil 

A falta de preparo de professores e universidades para lidar com o tema é destaque de livro coordenado por professora da Universidade de Harvard

Brasil|Karla Dunder, do R7

Professor Marcelo Ganzela fala sobre inclusão
Professor Marcelo Ganzela fala sobre inclusão Professor Marcelo Ganzela fala sobre inclusão

Deficiente visual, Alberto Pereira conseguiu superar barreiras para ingressar em uma universidade e se formar em Ciências Sociais pela Universidade Metodista. A inclusão no ensino superior não foi fácil, as instituições, na maioria das vezes, não estão preparadas para lidar com os alunos especiais. Falta material específico e professores capacitados para isso.

Esse é um dos temas discutidos no livro “Desafios reais do cotidiano escolar brasileiro: 22 dilemas vividos por diretores, coordenadores e professores em escolas de todo o Brasil”, coordenado por Katherine Merseth, professora sênior da Escola de Educação da Universidade de Harvard.

A obra é organizada pelo Instituto Península, conta com autoria de professores e gestores de escolas públicas, urbanas e rurais, de todo o Brasil. O livro reúne relatos e situações reais do cotidiano desses educadores, ainda levanta reflexões sobre esses desafios reais.

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No primeiro capítulo, “Os dilemas do acesso”, a questão do ingresso de pessoas especiais a uma instituição de ensino superior é abordada por meio do caso da jovem Lia. As dificuldades dela diante do vestibular e, principalmente, da instituição em lidar com o assunto, abrem espaço para a reflexão:

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- Como realizar um processo de seleção diferenciado para ingresso no Ensino Superior? Isso comprometeria, de algum modo, a formação pretendida pelo curso?

- Quais podem e devem ser os critérios para reprovação de um aluno com necessidades especiais em um processo seletivo para o Ensino Superior? - Como conciliar a profissionalização que se busca no Ensino Superior com as demandas do mercado de trabalho e as necessidades especiais de alguns estudantes?

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- De que maneira a faculdade se responsabilizaria por isso?

O livro não dá respostas, instiga o leitor a avaliar cada caso, cada situação. São provocações que auxiliam em um processo real de mudança na forma das instituições lidarem com os temas.

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Ensino Superior

Em ‘Inclusão no ensino superior’ é relatado o caso de uma professora que busca meios de ensinar gramática e análise sintática para o seu aluno cego. O coordenador do capítulo, Marcelo Ganzela, professor do Instituto Singularidades, percebeu as dificuldades da inclusão quando a instituição onde trabalha recebeu um deficiente visual.

“Percebemos a falta de preparo quando recebemos esse aluno e não tínhamos material adequado”, conta. “É um direito garantido por lei que foi materializado com a presença de um aluno cego e a partir daí passamos a questionar como atendê-lo adequadamente, não apenas em sala de aula, mas em toda a estrutura do atendimento da secretaria ao financeiro e até mesmo o espaço físico que passou a ser mais acessível”.

Alberto Pereira hoje trabalha como consultor em inclusão na Laramara (Associação brasileira de assistência à pessoa com deficiência visual), a exemplo do jovem descrito no livro, conta que não foi fácil o processo de adaptação do material didático oferecido pela Universidade.

“Estudar, principalmente as planilhas usadas no curso, era um desafio. A falta de acessibilidade gera uma tensão entre o aluno e a instituição de ensino, principalmente porque prejudica o acesso ao conhecimento”.

Se por um lado cabe a instituição oferecer condições e estrutura aos alunos, de outro os professores precisam ser capacitados para lidar com a situação. “Todo o conjunto precisa estar alinhado. É importante entender que não é um favor, mas um direito assegurado. Tenho direito ao mesmo material de ensino e de ser avaliado da mesma forma que os demais alunos”.

Para o professor Marcelo Ganzela, a inclusão deve atingir a todos e o envolvimento deve ser constante. “Todas as pessoas têm sonhos e não podemos negá-los. Temos de acolher com respeito, de maneira adequada respeitando a diversidade sempre. Não é algo pontual, estamos sempre em processo de mudança”.

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