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Professora de Harvard compartilha dilemas de professores brasileiros

Katherine Merseth coordenou o livro que apresenta relatos vividos por educadores, como diretores e professores, de todo o Brasil

Brasil|Juliana Moraes, do R7

Katherine Merseth é a coordenadora do livro
Katherine Merseth é a coordenadora do livro Katherine Merseth é a coordenadora do livro

Katherine Merseth, professora sênior da Escola de Educação da Universidade de Harvard, coordenou o livro “Desafios reais do cotidiano escolar brasileiro: 22 dilemas vividos por diretores, coordenadores e professores em escolas de todo o Brasil”.

Organizado pelo Instituto Península, a obra conta com autoria de professores e gestores de escolas públicas, urbanas e rurais, de todo o Brasil.

Os relatos vividos pelos professores abordam temas como bullying, violência, gênero e preconceito na educação infantil, o significado de zero no boletim, entre outros.

As histórias compartilhadas mostram as visões dos professores, dos alunos e dos integrantes do ambiente escolar e, segundo Merseth diz no livro, o método de instrução de casos visa a troca de experiências entre os profissionais da educação.

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— Espero que essa metodologia de registro de casos sirva não só de exemplo e conforto para inúmeros profissionais que vivem circunstâncias parecidas, mas também de inspiração para que outros tantos compartilhem suas histórias. Com isso, será possível criar um círculo virtuoso em torno de uma Educação de qualidade e da troca de experiências ricas, que permitam aos professores conduzir cada aluno a seu máximo potencial.

A coordenadora do livro diz ainda que “o que acontece nas salas de aula, durante a Educação Básica, é significativo e influencia o que e como as crianças aprendem, e suas experiências na escola impactam decisivamente não apenas seu futuro, mas também o da sociedade em que vivem.”

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Merseth também alerta para o contexto da Educação no Brasil antes de explorar os casos narrados. Um exemplo citado pela coordenadora é o salário inicial de um professor no país: R$ 3.500 para os Ensinos Fundamental e Médio. Segundo ela, é um “valor bem inferior ao da média dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), de R$ 8.750”.

Em um dos casos narrados, o livro apresenta “Um Dilema de Inclusão no Ensino Superior”, no qual uma professora universitária precisa garantir que seu único aluno cego tenha acesso aos conhecimentos teórico-práticos necessários para a formação de um professor de português, pois as teorias se concentram em estruturas visuais. Por isso, a professora tem de pensar em adaptações para que o aluno esteja apto a compreender.

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O bullying é abordado no tópico “Bullying em Sala de Aula e a Postura do Professor”, em que uma gestora assume interinamente uma escola de grande porte e recebe a denúncia de que uma professora estaria praticando bullying com uma criança. A denúncia foi feita pela mãe do aluno, a gestora convocou, então, um conselho escolar para resolver a situação de maneira coletiva, mas a professora denunciada se esquivou e saiu da assembleia.

Em “O Professor Sob Ameaça: Como Enfrentar a Violência?”, o livro apresenta a história de um jovem professor que recebe ameaças de morte de um de seus alunos. O professor avalia as possibilidades de enfrentar a situação, tais como ignorar as ameaças, fazer boletim de ocorrência, se afastar de suas atividades profissionais. No entanto, ele percebe que as alternativas não solucionam o problema e, com isso, passa a viver uma rotina de estresse.

O livro ainda fala sobre os aspectos externos que influenciam no ensino. No capítulo “Drogas na Escola: Problema de Quem”, uma coordenadora pedagógica se vê diante de uma situação inesperada: uma revista policial em uma das salas de aula.

Ao falar em equidade, a obra questiona o processo de avaliação escolar em “O Significado do Zero no Boletim: Quem falhou?”. Na narrativa, uma jovem coordenadora precisa justificar aos pais de um aluno a nota zero atribuída pelo professor da disciplina “Corpo em Movimento”. Segundo o professor, a nota foi dada porque o estudante não participou das aulas.

Após cada uma das 22 histórias narradas no livro, são feitas questões para reflexão e discussão dos integrantes do ambiente escolar. O método de instrução de casos é desenvolvido nos Estados Unidos, baseado na teoria construtivista, mas pode ser aplicado em outros países, desde que o contexto local seja levado em consideração.

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