A Ordem dos Advogados do Brasil do Distrito Federal (OAB-DF) suspendeu preventivamente o registro do advogado Paulo Ricardo Moraes Milhomem por 90 dias. O caso foi julgado no Tribunal de Ética e Disciplina (TED) da OAB-DF no início da noite desta terça-feira (31/8). Ele está preso preventivamente por atropelar a servidora pública Tatiana Thelecildes Fernandes Machado Matsunaga, 40 anos na QI 15 do Lago Sul, na manhã de quarta-feira (25).
Não satisfeito em atingir a vítima com o carro, Milhomem passou com o veículo por cima dela e fugiu sem prestar socorro. Ela sofreu traumatismo craniano grave. Presidente do TED, o advogado Antonio Alberto Cerqueira, instaurou o inquérito administrativo contra Milhomem de ofício, quando, normalmente, o órgão costuma agir apenas se provocado. Isso é um indício de como o atropelamento da servidora pública impactou os membros da Ordem.
Por meio de nota, Cerqueira informou que, “respeitando o sigilo do procedimento, mas em respeito ao quanto preceitua a Lei 8.906/94”, o tribunal julgou procedente “o pedido de suspensão preventiva do advogado Paulo Ricardo Moraes Milhomem, pelo prazo de 90 dias, conforme artigo 70, parágrafo terceiro da Lei 8.906/94”.
A 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul) encerrou as investigações e encaminhou o inquérito ao Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT). O documento será analisado pela promotoria do júri. Milhomem responde por tentativa de homicídio qualificado por motivo fútil. A violência ocorreu por causa de uma discussão de trânsito e o advogado teria seguido a vítima até a casa dela. O crime, porém, foi filmado pelo circuito de câmeras de segurança da residência de Tatiana.
O suspeito foi preso em flagrante e, na audiência de custódia, a juíza Paula Ramalho afirmou que a gravidade do crime justificava “a conversão do flagrante em preventiva”. Ao se defender, o advogado afirmou que avançou com o carro sobre a mulher por “se sentir ameaçado”, mas que não teve intenção de atropelá-la. Nas filmagens, porém, é possível ver quando Milhomem joga o veículo sobre a mulher sem frear.
Além disso, o suspeito só procurou a delegacia acompanhado de advogados cerca de uma hora depois de passar com o carro por cima da vítima, quando a polícia já o perseguia. Por ter curso superior, ele terá direito a uma cela especial.