Justiça converte em preventiva prisão de advogado que atropelou mulher no Lago Sul
Vítima de 40 anos foi internada em estado grave depois de sofrer um traumatismo craniano
Brasília|Jéssica Moura, do R7, em Brasília
Em audiência de custódia realizada na manhã desta quinta-feira (26), a Justiça converteu em preventiva a prisão do advogado Paulo Ricardo Moraes Milhomem. Ele atropelou a servidora pública Tatiana Thelecildes Fernandes Machado Matsunaga, 40 anos, após uma briga de trânsito no Lago Sul, região nobre de Brasília (DF). O caso ocorreu na manhã de quarta-feira (25) e chocou os moradores da região pela brutalidade. O crime foi filmado por câmeras de segurança da casa da vítima, que está em estado grave.
Paulo Ricardo foi preso em flagrante. Na manhã desta quinta-feira (26), ele passou por audiência de custódia no Tribunal de Justiça do DF. A juíza Paula Ramalho considerou que, caso Milhomem ficasse em liberdade, haveria prejuízo para a ordem pública. "Houve, sim, situação de flagrante", afirmou a magistrada. "A gravidade concreta do delito praticado é justificativa hábil para a conversão do flagrante em preventiva", completou a magistrada.
Durante a audiência, Milhomem alegou que não teria tido intenção de atropelar a vítima. A servidora pública segue internada em estado gravíssimo depois de sofrer um traumatismo craniano. O advogado alegou, em sua defesa, que agiu dessa forma por se sentir ameaçado. "Em momento algum tive a intenção de atropelar a vítima ou atentar contra sua vida. Ela simplesmente atravessou o carro no meio da rua, impedidno a minha passagem", relatou Paulo.
Para contestar o flagrante, o advogado dele, Afonso Lopes, sustentou que o cliente foi à delegacia uma hora depois do atropelamento, mas a juíza discordou. "A polícia já havia sido informada da ocorrência do que se entendia ser um atrolelamento e tinha iniciado diligências para identificar o autor do fato e executar sua detenção, já estava em perseguição", ponderou.
Paulo Milhomem vai responder por tentativa de homicídio qualificado. Ele já tinha uma passagem de 2002 por furto, mas a condeção foi extinta há mais de cinco anos. Na sessão, Paulo reclamou ter passado a noite no chão, sem itens de higiene como sabonete, papel higiênico e pasta dente. "Essa condição é indigna e vou fazer constar em ata", afirmou a juíza.
A pedido do advogado, Milhomem será encaminhado à cela especial, por ter curso superior. Ele deve ficar encarcerado no Centro de Detenção Provisória, onde precisa passar por quarentena de 21 dias, em razão da Covid.
O caso
Câmeras de segurança flagraram o momento em que a vítima foi atropelada. Segundo boletim de ocorrência registrado na 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul), a briga começou depois do motorista fechar a mulher em uma via na QI 15. Em seguida, Milhomem teria perseguido Matsunaga até a casa dela.
As imagens do circuito de segurança da residência da vítima mostram os veículos chegando ao local por volta das 9h30 e o momento em que ela desce do carro. O advogado acelera e passa por cima dela. Milhomem deixou o local e só se entregou uma hora depois, na companhia do advogado. A servidora foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros e encaminhada ao hospital, onde segue internada com traumatismo craniano.
A vítima
Tatiana Matsunaga passou por duas cirurgias e segue internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital particular no Lago Sul. A previsão é que ela fique sedada pelas próximas 72 horas. "A família está consternada e ainda muito apreensiva", disse o advogado dela, Frederico do Valle.