Quando foi lançado em janeiro deste ano, o JAC T5 chegou com certa responsabilidade. Mesmo diante das altas no IPI e no dólar, o SUV compacto desembarcou da China para "salvar" os negócios da marca. Com preços entre R$ 62.990 e R$ 72.990, estreou como um dos utilitários mais acessíveis do País. Tem no DNA o conhecido custo/benefício dos carros chineses. Será o suficiente?
Uma rápida olhada no visual, o T5 lembra o Hyundai ix35. Um pequeno aerofólio confere ar mais esportivo, bem como a mistura de plástico que percorre desde a lateral até a traseira. Na frente, a grade hexagonal tem harmonia com os faróis que invadem a carroceria iluminados por LEDs diurnos — indisponível apenas na versão de entrada.
Visto pela primeira vez no Salão de São Paulo de 2014, ao lado do irmão maior JAC T6, o T5 agrada no visual e no espaço interno. São 4,32 metros de comprimento, por 1,62 m de altura, 1,76 m de largura e 2,56 m de entre-eixos. Só a título de comparação, o Ford Ecosport possui 4,24 m, 1,70 m, 1,77 m e 2,52 m, respectivamente.
Ou seja, atrás, cinco adultos viajam com conforto, sem o do passageiro do meio tenha de encolher as pernas. A suspensão é bem ajustada e ralça o conforto a bordo. Porém, em velocidades mais altas, a maciez gera alguma instabilidade em curvas. Falta certa progressividade no escorregamento lateral e firmeza sobre o asfalto.
Motor sem fôlego
Todas as versões usam o mesmo 1.5 16V flex com 127 cv de potência e 15,7 kgfm de torque a 4.000 rpm. O motor tem comando variável de válvulas, recurso que faz o torque ser liberado quase que inteiro aos 2 mil giros. Mas a aceleração de zero a 100 km/h levou 12,9 segundos. Estranho é ver no site oficial da marca que o T5 faz 0-100 km/h em 10,8 s e atinge máxima de 194 km/h.
Não chegamos ao limite de velocidade, mas é fato que, nas acelerações, o SUV não parece muito disposto. Parte dessa morosidade vem das relações compridas do câmbio maual de seis marchas, o que evita trocas constantes, mas "anestesia" um pouco o SUV. Em breve, a JAC vai oferecer uma transmissão continuamente variável, do tipo CVT, que pode transformar o T5. Vale aguardar.
Ainda sobre a transmissão, a alavanca pode ter melhor ajuste. Os engates da segunda e terceira marchas chegaram a irritar. Além disso, dependendo da situação é necessário reduzir duas marchas para conseguir subir uma ladeira, fazendo o giro subir acima dos 3 mil rpm. Já o consumo não decepciona. O modelo cravou 7,3 km/l em ciclo urbano e 10,8 km/h na estrada com etanol.
Com o ar-condicionado ligado, o desempenho pode novamente desagradar, sobretudo em ladeiras íngremes. Mas há compensações. O isolamento acústico, por exemplo, é eficaz, da mesma forma que o acabamento interno. Embora o JAC use e abuse de plásticos, o que é comum nos rivais, o modelo tem bons arremates e usa materiais com texturas agradáveis.
Custo X Benefício
Como projeto e produto, o T5 é o melhor chinês à venda hoje no Brasil. O SUV compacto supera os concorrentes nos itens de série já na versão de entrada (R$ 66.990), com vidros, travas e retrovisores elétricos, direção elétrica, ar-condicionado digital e sensor de de obstáculos traseiros, freios a disco nas quatro rodas e controle eletrônico de tração.
Na versão intermediária (Pack 2, R$ 69.990), acrescenta-se controle de estabilidade, assistente de saída em ladeiras, rodas de liga leve, luzes diurnas de LED nos faróis, rack de teto e faróis de neblina. Por fim, a versão mais completa (Pack 3, R$ 72.990) traz bancos cobertos em couro e central multimídia de 8 polegadas com reprodução de conteúdo do smartphone na tela.
Apesar de ser a maior tela da categoria e de possuir a plataforma MirrorLink para espelhamento de smartphones, a central multimídia exige certa paciência na hora de parear o celular via Bluetooth. O equipamento, no geral, peca por ser pouco intuitivo, forçando o usuário a perder um tempo para entender e acessar as funções.
Veredicto
O grande apelo do JAC T5 é a relação custo/benefício. O acabamento não é de encher os olhos, mas a lista de equipamentos sim. Por outro lado, é o melhor modelo da marca testado pelo R7 e, sem dúvida, o melhor chinês do mercado. Páreo duro contra Ford Ecosport e Renault Duster, modelos já consolidados no mercado.
O SUV asiático não chega nem perto dos rivais nos números de vendas. Foram 75 unidades emplacadas em agosto contra 3.072 do Ecosport. Mesmo com o imbróglio da JAC no Brasil, que ainda fala em erguer fábrica na Bahia, a transmissão automática do tipo CVT chega em breve no utilitário, o que pode aquecer as vendas, provando, assim, que a maturidade vem com o tempo.
*Colaborou Lucas Henk
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