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"O machismo matou Mariana", diz advogada sobre assassinato de sobrinha-neta de Sarney

Vítima de 33 anos foi estuprada e morta pelo cunhado dentro da casa em que morava 

Cidades|Giorgia Cavicchioli, do R7

Mariana Costa, sobrinha-neta do ex-presidente José Sarney, foi estuprada e morta pelo cunhado Lucas Porto
Mariana Costa, sobrinha-neta do ex-presidente José Sarney, foi estuprada e morta pelo cunhado Lucas Porto Mariana Costa, sobrinha-neta do ex-presidente José Sarney, foi estuprada e morta pelo cunhado Lucas Porto

Laudo da Superintendência da Polícia Técnico Científica do Maranhão mostrou que Lucas Porto estuprou e matou a cunhada Mariana Costa, sobrinha-neta do ex-presidente da República José Sarney. O empresário, segundo a análise, praticou o crime de forma violenta e com requintes de crueldade. A advogada Marina Ganzarolli, uma das fundadoras da Rede Feminista de Juristas, foi ouvida pelo R7 para comentar o caso e afirmou que “o machismo matou Mariana”.

Apesar de bárbaro, casos como esse não são raros no Brasil: a cada uma hora e meia um homem assassina uma mulher no País, de acordo com o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), colocando o País no 5º lugar com maior taxa de assassinatos femininos no mundo, segundo o Mapa da Violência 2015. Para Marina, o assassinato da mulher mostra que o machismo atinge todas as classes sociais e independe do grau de instrução dos envolvidos.

— O cunhado que acha que pode tirar a vida de uma outra pessoa está imbuído desse poder que a sociedade machista coloca nele, de que a vida da mulher não vale nada. O problema da Mariana não é um problema só dela.

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A advogada diz que é preciso ficar atenta ao fato de que o assassino de mulheres nem sempre é um “esquisitão”, nem um louco que dá indícios do que pode fazer. Segundo ela, o problema do machismo é que ele é “estrutural e estruturante”.

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— [O assassino de mulheres] é o "parça' do futebol de quarta-feira, ele é o colega de trabalho, ele é um homem bom no trabalho. Ele é o que se considera um cidadão de bem, mas que dentro de casa bate na mulher. E não é porque a Mariana fez alguma coisa. Não tem motivo. O machismo é o motivo.

Edna Amaralina da Silveira foi morta em seu apartamento no Paraíso pelo ex-namorado Hugo Alexandre Gabrich
Edna Amaralina da Silveira foi morta em seu apartamento no Paraíso pelo ex-namorado Hugo Alexandre Gabrich Edna Amaralina da Silveira foi morta em seu apartamento no Paraíso pelo ex-namorado Hugo Alexandre Gabrich

Isso acontece, segundo a especialista, porque o homem acredita que a mulher está “à disposição” dele e que ela não tem poder de escolha. Recentemente, outro caso de feminicídio chamou a atenção da população: Edna Amaralina da Silveira foi morta em seu apartamento pelo ex-namorado Hugo Alexandre Gabrich.

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O caso aconteceu no Paraíso, na zona sul de São Paulo, local em que vivem pessoas de classe média. Porém, a advogada diz que “a violência contra a mulher independe de classe” e que “uma menina que tem uma situação melhor também está sujeita à violência”.

— Esse sentimento de posse, essa construção social de que existe um determinado lugar que a mulher ocupa e de que este lugar é inferior ao homem é estrutural. É uma ideia que independe de instrução, de educação e de riqueza.

A especialista diz que o feminicídio e a violência contra a mulher é “a expressão máxima da desigualdade de poder entre homens e mulheres dentro de nossa sociedade”. Ela diz que a morte de mulheres pelo simples fato de serem mulheres é a ponta do iceberg de uma sociedade que tem como base a ideia de que homens e mulheres não têm os mesmos direitos.

— O machismo é tão estruturante que ele não é só ensinado, ele é aprendido. Você reproduz esse machismo sem perceber. Nós mulheres também. Por isso que a violência e o machismo são transversais: estão em todos os espaços.

Mulheres negras e lésbicas

Marina destaca o fato de que a taxa de feminicídio em relação às mulheres brancas diminuiu em 10%, do ano de 2003 até o ano de 2013, enquanto a de mulheres negras aumentou 54%. O estudo, que foi feito pelo Instituto Patrícia Galvão, mostra que as mulheres negras estão ainda mais vulneráveis quando o assunto é o machismo no Brasil.

— [O levantamento] mostra que existe uma diferença: a violência que as mulheres negras sofrem é maior. As mulheres negras morrem mais porque tem outros recortes que também recaem sob essa mulher.

A advogada diz que é preciso analisar todas as questões de minorias quando o assunto é o feminicídio. Ela lembra que mulheres lésbicas também são vítimas mais vulneráveis. Sobre isso, ela lembra o caso de Luana Barbosa, que foi morta em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, em abril deste ano.

Luana, que era negra, periférica e lésbica, morreu após ser espancada. A família acusa policiais pelas agressões e pelo assassinato.

— Quando a mulher está na periferia, tem mais dificuldade de acessar a delegacia da mulher, ou advogado, ou um posto de saúde.

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