A Polícia Civil de Santa Maria (RS) informou que aguarda laudos produzidos pela polícia de Porto Alegre para concluir o inquérito que investigou o incêndio na boate Kiss, que deixou 241 pessoas mortas.
Segundo o delegado Marcelo Arigony, o inquérito deve ter 10 mil páginas e mais de 700 pessoas prestaram depoimento. Ele disse que os laudos da perícia devem chegar na sexta-feira (15). Um mutirão será feito durante o fim de semana para que o documento seja entregue na segunda-feira (18). Ele não adiantou quantas pessoas devem ser indiciadas no processo.
O produtor da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Leão, prestou depoimento na tarde desta terça-feira (12). O vocalista da banda, Marcelo de Jesus dos Santos, foi ouvido na nesta sexta-feira (8). No mesmo dia, o prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer (PMDB), também falou à polícia e disse acreditar que nenhum secretário ou funcionário municipal tenha falhado nas autorizações de funcionamento e na fiscalização da boate Kiss.
Polícia confirma que boate Kiss estava superlotada na noite de incêndio
O esclarecimento de eventual negligência de agentes públicos como bombeiros e funcionários municipais é a última etapa da investigação das causas do incêndio da casa noturna, em 27 de janeiro, que matou 241 pessoas. A polícia já está convicta de que uma sucessão de falhas provocou o incêndio e a tragédia.
Mutirão
O mutirão de atendimento organizado pelo Ministério da Saúde para todas as pessoas que ficaram feridas ou respiraram a fumaça tóxica produzida pelo incêndio começou no sábado (9), no Hospital Universitário de Santa Maria. Os médicos vão avaliar a situação de cada um dos inscritos para consultas e encaminhá-los aos exames e tratamento adequados, se houver necessidade.
Todos os que tiveram contato com a tragédia, inclusive os que não precisaram de medicação ou cuidados hospitalares, serão acompanhados por alguns anos, para identificação de eventuais sequelas.
Entenda o caso
O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, a 290 km de Porto Alegre, aconteceu na madrugada do dia 27 de janeiro e deixou 241 mortos e mais de cem feridos. O fogo teria começado quando a banda Gurizada Fandangueira se apresentava. Segundo testemunhas, durante o show foi utilizado um sinalizador — uma espécie de fogo de artifício chamado "sputnik" — que, ao ser lançado, atingiu a espuma do isolamento acústico, no teto da boate. As chamas se alastraram em poucos minutos.
A casa noturna estava superlotada na noite da tragédia, segundo o Corpo de Bombeiros. O incêndio provocou pânico e muitos não conseguiram acessar a única saída da boate. Os proprietários do estabelecimento não tinham autorização dos bombeiros para organizar um show pirotécnico na casa noturna. O alvará da casa estava vencido desde agosto de 2012.
Esta é considerada a segunda maior tragédia do País depois do incêndio do Grande Circo Americano, em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. Em 17 de dezembro de 1961, o circo pegou fogo durante uma apresentação e deixou 503 mortos.