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Dois em cada dez brasileiros apelam ao cheque especial e ao cartão para fechar contas no fim do mês

Consumidores se submetem às duas linhas de crédito mais caras para pessoa física no Brasil

Economia|Fernando Mellis, do R7

Juros do cartão de crédito são os mais altos do mercado
Juros do cartão de crédito são os mais altos do mercado Juros do cartão de crédito são os mais altos do mercado

Sem saída no fim do mês, uma parcela expressiva da população brasileira recorre ao limite do cheque especial ou ao cartão de crédito para conseguir fechar as contas — as duas modalidades de empréstimo mais caras disponíveis para pessoa física no Brasil.

Pelo menos 2 em cada 10 brasileiros adotam essa estratégia arriscada todo mês, segundo uma pesquisa inédita sobre hábitos dos consumidores, realizada pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e divulgada na última quarta-feira (1º).

Entre os entrevistados, 22,9% afirmam que recorrem a esses dois tipos de financiamento. O índice é ainda maior entre as pessoas das classes C, D e E (23,4%) e com menos escolaridade (23,9%).

Os dados mais recentes do Banco Central mostram que, no mês de maio, os juros do cheque especial chegaram a 232% ao ano — maior patamar em 20 anos.

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Essa taxa só ganha do rotativo do cartão de crédito, que atingiu 360,6% ao ano. Juntas, são as duas formas de empréstimo mais caras hoje no País.

A falta de planejamento associada a essas altas taxas são os principais responsáveis pela inadimplência, segundo a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

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— É muito comum que a dívida do cartão de crédito triplique em pouco tempo. Para alguém que já está muito endividado, é muito difícil pagar.

Assumir dívidas por um longo período no momento em que a economia brasileira vai mal é algo que os brasileiros já começam a evitar. De acordo com a pesquisa, 68,3% dos entrevistados dizem que diminuíram as prestações para não comprometer o orçamento familiar. Porém, nas classes com renda menor, o índice é de 61,9%.

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Compra por impulso

As compras por impulso podem ser as vilãs do orçamento de qualquer pessoa. Mas quem resiste a uma promoção? Entre os entrevistados, 3 em cada 10 admitiram gastar mais do que o previsto após ver uma oferta. As justificativas foram: medo de não encontrar um preço menor e medo de deixar de comprar algo que queriam.

Depois de comprar, o lado racional fala mais alto. Quase 80% dos brasileiros já se arrependeram de ter comprado algum produto que não precisavam muito. Porém, para adquirir bens de valor mais alto, 6 em cada 10 pessoas admitem fazer algum planejamento.

Com ano difícil na economia, mais da metade dos brasileiros quer diminuir compras parceladas

Pesquisa

Essa foi a primeira pesquisa sobre consumo consciente feita pelo SPC Brasil. O objetivo é traçar o perfil dos brasileiros tanto na hora da compra quanto do consumo de bens e serviços. São levados em conta fatores financeiros (uso do dinheiro e telefonia celular), ambientais (uso racional de água e energia elétrica) e sociais (propaganda, pirataria etc.).

Foram ouvidas 605 pessoas acima de 18 anos, nas 27 capitais brasileiras. A partir dos resultados, o SPC Brasil criou um índice para avaliar, anualmente, as mudanças no perfil dos consumidores. Hoje, apenas 21,8% praticam atitudes corretas na hora de consumir.

Na avaliação da entidade, muitas pessoas consideram apenas o viés financeiro. Isso se explica com o fato de um terço dos entrevistados justificar que a principal vantagem do consumo consciente é apenas o fato de fazer o dinheiro render mais. A expectativa do órgão é que, no futuro, aumente a preocupação com o meio ambiente e com o impacto social de determinadas compras. 

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