Há um mês, Fatima Amiri, de 17 anos, perdeu o olho em um atentado suicida na escola, mas isso não fez com que o desempenho da jovem afegã fosse afetado. Pelo contrário: ela obteve notas elevadas nas difíceis provas de admissão à universidade.
De acordo com os resultados da prova, divulgados no último fim de semana, Fatima obteve 313 pontos de 360 no Kankor, um exame altamente competitivo que mais de 100 mil alunos fizeram neste ano para conseguir uma vaga no ensino superior.
O aluno que ficou em primeiro lugar obteve 355 pontos, mas qualquer nota acima de 300 já é considerada alta.
"Estou feliz por ter conseguido na área que escolhi", disse a jovem, que quer estudar ciência da computação. "Mas não estou satisfeita com minha nota. Queria mais", confessou à AFP nesta segunda-feira (7).
Fatima foi ferida no ataque de 30 de setembro a uma escola particular em Cabul, em que dezenas de homens e mulheres se preparavam para o Kankor.
Um homem-bomba entrou no saguão do prédio e detonou uma bomba que matou pelo menos 54 pessoas. A maioria dos presentes pertencia à minoria hazara, xiita.
Essa comunidade tem sido alvo frequente de ataques do Estado Islâmico, que os considera hereges. O Talibã, que governa o Afeganistão, afirmou ter matado seis membros do grupo terrorista após ter investigado o atentado.
Leia também
O Talibã fechou a maioria das escolas de ensino médio do país para meninas, mas algumas escolas particulares — como a que Fatima frequenta — permanecem abertas.
O ataque deixou a estudante cega de um olho e surda de um ouvido.
"Fiquei feliz por poder fazer a prova, mas a dor não me deixou muito feliz", disse ela, à beira das lágrimas.
Os alunos que tiram as melhores notas no Kankor podem escolher os melhores cursos e as melhores universidades, mas o sonho da jovem é poder estudar no exterior.
"Tenho certeza de que, se eu estudar aqui, a mesma coisa vai acontecer de novo, e eu posso perder minha vida", disse ela.