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Com ajuda de DNA, espanhola descobre família após 32 anos

Mulher que fora reconhecida na Justiça como a primeira bebê roubada em um escândalo de décadas na Espanha, descobriu que foi entregue para adoção

Internacional|Da EFE

Inés Madrigal descobriu suas origens familiares com banco de dados de DNA
Inés Madrigal descobriu suas origens familiares com banco de dados de DNA Inés Madrigal descobriu suas origens familiares com banco de dados de DNA

A primeira pessoa a ser reconhecida pela Justiça da Espanha como vítima do escândalo de bebês roubados ocorrido de 1950 a 1990 no país, Inés Madrigal, reencontrou sua família biológica depois de 32 anos graças a um banco de DNA nos Estados Unidos, mas soube por eles que, na verdade, foi colocada para adoção de maneira voluntária.

Nascida em 1969, Inés denunciou à Justiça espanhola que tinha sido roubada ao nascer e entregue para adoção a outra família. Depois de um longo processo judicial, em outubro de 2018 a Justiça responsabilizou "de forma incontestável" o ginecologista Eduardo Vela pelo roubo, mas ele acabou absolvido, porque o crime já estava prescrito, uma sentença da qual a vítima recorreu no Tribunal Supremo.

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O caso, que começou com uma denúncia em 2012, teve grande repercussão na Espanha e levou à primeira sentença que provava judicialmente um dos casos de crianças que tinham sido roubadas de seus pais no nascimento para serem oferecidas a outras famílias, em muitas ocasiões mediante pagamento antecipado, que ocorreram na Espanha sobretudo entre 1950 e 1990.

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Vitória amarga

Em entrevista coletiva na última semana, a mulher classificou como "uma vitória" o fato de ter encontrado sua "família de verdade" recentemente, já que, "há poucos dias, foi concluída a confirmação genética". A notícia, porém, teve sabor amargo, já que sua mãe biológica morreu em 2013, aos 73 anos.

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"Pela primeira vez consegui completar o quebra-cabeças da minha vida", declarou Inés, que também afirmou que a descoberta se deu através de uma empresa dos EUA especializada em análise de DNA.

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Emocionada, a mulher explicou que seus quatro irmãos biológicos — o Ministério Público fala em três irmãos e uma tia, de acordo com o próprio relato de Inés — também estavam procurando por ela e sabiam de sua existência depois que a viram na televisão, pois, fisicamente, ela se parece bastante com a mãe.

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Um deles chegou a fazer um perfil de DNA e o levou a um banco de dados na Espanha, mas o parentesco não foi detectado.

Por outro lado, jornalistas dos Estados Unidos entraram em contato com Inés e lhe informaram sobre a existência de uma empresa de seu país que fazia esses exames.

Exames genéticos

A mulher enviou suas amostras e os resultados indicaram que ela tinha um "parente próximo", um primo que vivia na Alemanha e tinha feito os testes com a empresa americana por "pura curiosidade". Foi isso que permitiu que ela chegasse até seu irmão biológico, que tinha seu DNA, na Espanha.

Inés não quis dar muitos detalhes sobre sua "nova família", para respeitar sua privacidade, mas revelou que sua mãe ficou grávida quando ainda era solteira, mas não pôde ficar com ela porque, naquela época, "era 'obrigação' colocar as crianças para adoção" nessas circunstâncias. Depois, sua mãe se casou e teve quatro filhos.

Segundo Inés relatou à imprensa, seus irmãos tinham poucos detalhes sobre ela. O médico Vela, no entanto, conhecia os detalhes do caso, e ela afirmou não entender "como ele pôde esconder a verdade, sobretudo quando teve que se sentar no banco dos réus".

De fato, pouco depois da entrevista coletiva, a Promotoria de Madri disse ter confirmado que Inés, que foi quem lhes transmitiu essa nova informação, de que não foi roubada, mas adotada, uma vez que sua família biológica afirmou que ela foi entregue "voluntariamente".

Após a descoberta, o Ministério Público ordenou em maio que amostras genéticas fossem coletadas dos quatro "novos" familiares, que determinaram a compatibilidade entre todos eles. Depois, ao interrogá-los como testemunhas, todos reconheceram a entrega do bebê para adoção, mas sem que soubessem qual era o gênero.

Com essa informação, o Ministério Público considera que "deveria ficar excluído como fato provado o roubo de um bebê e, com isso, o crime de detenção ilegal" pelo qual o médico foi considerado responsável.

Inés tem ciência da complexidade jurídica que seu caso ganhou, mas considera que o fundo da questão é conhecer a decisão do Tribunal Supremo sobre se os crimes envolvendo os casos dos bebês roubados estão prescritos, uma decisão que é esperada por muitas famílias na Espanha, que teriam a possibilidade de desarquivar seus casos nos tribunais depois que os mesmos foram desestimados com o argumento de prescrição.

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