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Fotógrafo preso no Egito é premiado por combater ditadura no país

Ele foi detido quando cobria protesto no Cairo, durante o qual centenas de pessoas teriam perdido a vida

Internacional|Eugenio Goussinsky, do R7

Manifestação em Londres a favor de Shawkan
Manifestação em Londres a favor de Shawkan Manifestação em Londres a favor de Shawkan

O fotojornalista egípcio Mahmoud Abu Zeid, conhecido como Shawkan, foi o vencedor do Prêmio Unesco/Guillermo Cano Liberdade de Imprensa 2018, segundo anúncio da Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura), nesta segunda-feira (23). As informações são da ONU News.

General Sisi é reeleito presidente do Egito com 97% dos votos válidos

O prêmio, de acordo com a Unesco, é entregue a “uma pessoa, organização ou instituição que fez uma contribuição notável para a defesa ou promoção da liberdade de imprensa, especialmente enfrentando perigos.”

O resultado deste ano é uma crítica às diretrizes do presidente egípcio Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, que, já no poder, após golpe de Estado realizado em julho de 2013, iniciou um regime centralizador, que voltou a reprimir as manifestações populares.

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Numa delas, Shawkan, de 30 anos, foi detido, em 14 de agosto de 2013, quando cobria um protesto na praça Rabaa Al-Adawiya, no Cairo, durante o qual centenas de pessoas teriam perdido a vida, segundo agências.

A presidente do júri, composto por jornalistas de um grupo tido pela ONU como independente, Maria Ressa, deu um recado à ditadura egípcia ao explicar a opção.

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— A escolha de Mahmoud Abu Zeid presta tributo à sua coragem, resistência e compromisso com a liberdade de expressão.

Acusado de seis crimes, o repórter fotográfico corre o risco de pegar pena de morte, de acordo com o pedido do procurador responsável pela acusação.

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Já o grupo de trabalho da ONU sobre Detenções Arbitrárias não só considera a pena completamente injusta como questiona a própria prisão de Shawkan, considerada "contrária aos direitos e liberdades garantidas pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos.” Manifestações se espalharam por vários países, como o Reino Unido, pedindo a libertação do jornalista.

Nova "velha" ditadura

Apesar de ter deixado para trás mais de 30 anos da ditadura de Hosni Mubarak, o Egito ainda é comandado por um grupo de militares que detém o poder de maneira autoritária. O regime do general Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, no poder desde 2013, é, na verdade, uma retomada de modelo de regime duramente criticado e deposto durante a Primavera Árabe, de 2011.

Al-Sisi foi o ministro da Defesa no curto período do governo de Mohamed Morsi, o primeiro civil a ser eleito presidente, em 2012, mas deposto um ano depois, após parte da população se rebelar contra sua política.

Setores formados principalmente por liberais, secularistas e coptas cristãos, realizaram manifestações na qual um número significativo de participantes se opunha à nova constituição, de cunho popular e simpatia pelo islamismo, que o novo presidente, representando o partido da Irmandade Muçulmana, estava elaborando.

Morsi caiu e pouco tempo depois foi substituído por Al-Sisi, que chegara ao cargo de ministro com a missão de renovar a hierarquia militar. Ele até atuou como um conciliador na crise que precedeu a queda de Morsi, mas, diante da pressão popular, cedeu e, em negociações com os militares, assumiu o comando do país.

A entrega do prêmio ocorrerá no próximo dia 2 de maio, em Gana, durante a celebração do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. O tema desta edição é “Mantendo a Vigilância sobre o Poder: Media, Justiça e Lei".

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