O presidente nigeriano Goodluck Jonathan cancelou a visita prevista a Chibok, a cidade na qual o grupo islamita Boko Haram sequestrou mais de 200 estudantes.
"O presidente cancelou a visita a Chibok. Estava em sua agenda até esta manhã", afirmou um porta-voz da presidência, sem revelar os motivos.
"Partirá de Abuja à tarde para a França", onde participará no sábado (17) em Paris em uma reunião para debater a ameaça que o Boko Haram representa para a segurança regional, disse a fonte.
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A visita à pequena cidade do estado de Borno, nordeste do país, onde 276 adolescentes foram sequestradas do dormitório de sua escola em 14 de abril, havia sido anunciada na quinta-feira (15) à noite.
Este seria o primeiro gesto político mais veemente do presidente nigeriano, muito criticado pela inércia.
No total, 223 adolescentes continuam desaparecidas. Em um vídeo divulgado durante a semana, o grupo afirma ter convertido 130 delas ao islã.
Debo Adeniran, da Coalizão contra os Dirigentes Corruptos, uma ONG com sede em Lagos, disse ter ficado "decepcionado" com o cancelamento da visita do presidente a Chibok e afirmou que a decisão envia uma mensagem negativa à população nigeriana.
"Se como comandante em chefe das Forças Armadas tem medo de visitar Chibok, por motivos de segurança, está dizendo à população do nordeste que não pode protegê-los", afirmou à AFP.
Para Adeniran, o cancelamento da visita terá um efeito desastroso sobre a moral das tropas mobilizadas no nordeste do país.
"Diz aos soldados que lutam contra o Boko Haram na região que eles estão sozinhos".
"E para as garotas sequestradas, podem considerar que aquele que chamam de presidente é um covarde sem a moral de um líder. Todo mundo está decepcionado", completou Adeniran, que pediu a renúncia do presidente.