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Sem mobilização internacional, ebola pode se tornar epidemia mundial 

De acordo com a OMS, 4.033 pessoas já morreram com o vírus 

Internacional|Do R7*

Um profissional marca uma casa depois de examinar e constatar que ela está livre do vírus do ebola
Um profissional marca uma casa depois de examinar e constatar que ela está livre do vírus do ebola Um profissional marca uma casa depois de examinar e constatar que ela está livre do vírus do ebola

O maior surto de ebola da história, incontrolável em três países da África Ocidental segue vitimando pessoas em outros continentes. Estados Unidos, Espanha e até mesmo um caso suspeito no Brasil aumentam as estatísticas divulgadas na última sexta-feira (10) pela OMS (Organização Mundial de Saúde), que já contabiliza 4.033 mortos.

A contenção da crise e do surto de caráter epidêmico parece ainda distante, já que as medidas efetivas dos governos para o combate ao vírus do ebola começam, muito timidamente, a aparecer.

Em entrevista ao R7, a organização não governamental MSF (Médicos Sem Fronteiras) afirmou que o surto pode ser contido se houver envolvimento e comprometimento dos governos. Uma das únicas atuantes no conflito, MSF já opera com superlotação de leitos e centros de tratamento.

Durante a assembleia geral das Nações Unidas, em setembro, a presidente internacional de MSF, Joanne Liu, chamou a atenção dos Estados para que enviem forças efetivas para a luta contra o vírus e não apenas façam promessas.

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“Hoje, a realidade em campo é esta: a promessa feita ainda não foi cumprida. [...] Sem vocês, ficamos muito atrás na trajetória fatal desta epidemia. Atualmente, o ebola está vencendo”, disse Joanne.

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A médica infectologista do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do hospital universitário da Universidade de São Paulo, Valéria Cassettari, concorda. “O que precisa fazer é controlar o lugar onde há epidemia. Apesar da letalidade alta, se houver intensificação de cuidados para evitar a transmissão, dá para conter o surto”, diz.

Para a médica, ampliar as informações, os cuidados e a vigilância epidemiológica seria formas de solucionar o surto. “Tudo o que puder ser feito para ampliar o tratamento, como o diagnóstico precoce e os cuidados com pessoas que tiveram contato com o paciente já diagnosticado ajudam no combate ao ebola”, comenta.

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De acordo com MSF, a organização tem mais de 3.000 profissionais atuando em seis centros de tratamento (dois na Guiné, dois em Serra Leoa e dois na Libéria) e no Senegal e Nigéria, que também já tiveram casos de paciente com ebola. Desde março deste ano, foram mais de 530 toneladas de equipamentos e suprimentos enviados para a região.

Desde o início do surto, MSF atendeu 4.231 pessoas com sintomas, das quais 2.473 tiveram confirmação do vírus e 917 receberam o certificado de cura, em dados atualizados nesta sexta-feira (10).

Empenho mundial

Em agosto, a OMS já tinha declarado o surto como uma emergência pública sanitária internacional. E apesar do FMI (Fundo Monetário Internacional) e outros chefes de Estado terem aprovado ajudas bilionárias aos países onde o surto é intenso, MSF chama a atenção para a falta de profissionais em campo.

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A doutora Valéria explica que o posicionamento dos países para contenção da crise é adicional. “As recomendações para evitar a importação de casos para outros países, medidas de controle nos aeroportos são adicionais. Se não controlar o surto no local onde ele ocorre, a chance da transmissão continua e deve crescer ainda mais”.

Ainda nesta semana, o governo dos Estados Unidos enviou militares com laboratórios móveis que devem ajudar na agilidade do diagnóstico e prometeu construir um hospital que cuidará, exclusivamente, de profissionais de saúde, que já são mais de 230 óbitos.

Captação de recursos

A diretora de captação de recursos de MSF, Flávia Tenenbaum, disse que a organização, que se mantém com os recursos doados por cerca de cinco milhões de pessoas físicas ou jurídicas espalhadas pelo mundo, envia o valor arrecadado para escritórios matrizes, que são responsáveis por repassar o dinheiro para os profissionais que estão em campo.

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Entretanto, a organização faz uma análise prévia das doações que recebe para assegurar que o dinheiro não tem origem ilícita, nem vem de indústrias do tabaco, de armas, extrativistas ou farmacêuticas, por causa de conflitos de interesses.

Para ela, as dificuldades logísticas da operação de combate ao ebola são muito grandes, que exigem o cumprimento de uma série de protocolos. “Conseguir profissionais e ter a capacidade de montar essas estruturas é complicado”. Ela lembra ainda que MSF não tem responsabilidade de cuidar sozinha do surto que atinge a África Ocidental. “Primeiro que essa responsabilidade é da comunidade internacional, e segundo, que nós estamos trabalhando no nosso limite”, diz Flávia. 

* Bruna Vichi, estagiária do R7

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