O TCU (Tribunal de Contas da União) afastou, nesta quarta-feira (9), Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques do grupo de auditores responsáveis pela fiscalização de gastos relativos a ações de enfrentamento à covid-19.
Marques foi afastado da supervisão da auditoria após a suspeita de que seria o autor de um relatório que questionava a quantidade de mortes por covid-19 no país em 2020.
O suposto relatório foi citado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para apoiadores em Brasília. Na ocasião, o titular do Executivo afirmou que o documento apontava que 50% das mortes por covid-19 não ocorreram pela contaminação da doença. Depois, o órgão desmentiu Bolsonaro, que reconheceu o erro no dia seguinte.
A corte reafirma que as questões veiculadas no referido documento não encontram respaldo em nenhuma fiscalização do TCU. O arquivo sobre as mortes por covid-19 refere-se uma análise pessoal de um servidor do tribunal compartilhada para discussão e não consta de quaisquer processos oficiais do órgão.
A notícia sobre o suposto relatório surpreendeu ministros e servidores do TCU. Em despacho, o ministro Bruno Dantas, corregedor do órgão, contou que consultou demais magistrados sobre o episódio, e a possibilidade de superdimensionamento do número de óbitos por covid-19 foi extremamente refutada.
“As revelações que se tornaram públicas até o momento, apontam fatos que, se comprovados, se revestem de extrema gravidade, na medida em que, além da possível infração disciplinar, atingem de maneira severa a credibilidade e a imagem institucional do Tribunal de Contas da União”, afirma.
“Este Tribunal é instituição séria, sesquicentenária, possui assento constitucional e desempenha misteres relevantes e graves. Sua imagem e respeitabilidade dependem da qualidade e da profundidade técnica de suas fiscalizações e do decoro pessoal e da honorabilidade de seus ministros e servidores”, acrescenta.
A reportagem procura contato com o auditor. O espaço está aberto para manifestação.