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“Quem está sendo punida sou eu”, diz mãe de Eduardo após PMs não serem indiciados por morte no Alemão

Inquérito da DH diz que menino foi atingido por estar na linha de tiro durante confronto

Rio de Janeiro|Do R7, com Balanço Geral

Terezinha de Jesus falou sobre a conclusão do inquérito da morte de seu filho; Eduardo foi atingido por um tiro de fuzil na cabeça
Terezinha de Jesus falou sobre a conclusão do inquérito da morte de seu filho; Eduardo foi atingido por um tiro de fuzil na cabeça Terezinha de Jesus falou sobre a conclusão do inquérito da morte de seu filho; Eduardo foi atingido por um tiro de fuzil na cabeça
Pais de Eduardo estão "inconformados" com resultado de inquérito
Pais de Eduardo estão "inconformados" com resultado de inquérito Pais de Eduardo estão "inconformados" com resultado de inquérito

A mãe de Eduardo Jesus Ferreira, de dez anos, se diz inconformada desde a morte do menino no Complexo do Alemão, em abril deste ano. Na terça-feira (3), a Polícia Civil concluiu inquérito e inocentou os PMs envolvidos na ação em que o menino foi baleado. De acordo com a investigação, o policial que atirou em Eduardo reagiu a ataque de traficantes, e a criança foi atingida por estar na linha de tiro. Para Rivaldo Barbosa, titular da DH (Divisão de Homicídios), os agentes teriam agido em legítima defesa.

Terezinha de Jesus disse que tinha esperança de que justiça fosse feita, mas que agora, ela se sente “punida” (assista abaixo a entrevista em vídeo).

— Eu tinha muita esperança de que a justiça fosse feita, mas como o doutor Rivaldo [Barbosa, titular da DH] disse que foi legítima defesa, que eles não vão ser punidos, então quem está sendo punida sou eu.

A mãe de Eduardo definiu a investigação, que durou sete meses, como "mal feita" e "horrorosa" e defendeu uma nova apuração.

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— Eu não aceito. Vou pedir uma nova investigação e eu peço ajuda de todo mundo porque esses policiais não podem ficar impunes.

O menino foi baleado na porta de casa, no Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro, no dia 2 de abril. O diretor da DH da Capital, Rivaldo Barbosa, disse na tarde de terça que o tiro de fuzil que atingiu a criança partiu da arma de um policial militar que agiu em legítima defesa contra traficantes que teriam atirado contra o grupo. Segundo Rivaldo, os PMs estão amparados pela lei e não responderão pela morte. O inquérito, agora, será remetido ao Ministério Público.

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Terezinha de Jesus criticou a conclusão que apontou que os policiais agiram em legítima defesa.

— Ele [Rivaldo] pegou na minha mão e me garantiu que ia punir esses policiais e agora ele vem dizer que foi legítima defesa. Defesa de quem? Meu filho era uma criança e estava de costas (...) Toda vez eles vão matar as pessoas e é legítima defesa? Não existe isso. Nem aqui nem em lugar nenhum.

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Fábio Amado, defensor público, diz que "respeita, mas não concorda" com o inquérito. Segundo ele, há depoimentos que encaminhariam para outra conclusão.

— Esse erro não é admissível, mesmo que houvesse traficantes no momento. Nada justificaria o brutal homicídio. Com todo respeito ao trabalho que é feito, não dá para a mãe aceitar que o responsável pela morte do seu filho sequer seja apontado, e que ele não responda penalmente. A vida tem valor inestimável, então a família desejava além da indenização. Eles esperavam que quem efetuou o disparo, que puxou o gatilho, fosse punido.

Para, Anistia Internacional, inquérito é “aberração”

A Anistia Internacional divulgou nota de repúdio ao resultado do inquérito policial sobre a morte do menino. A ONG classificou a conclusão da investigação como "uma aberração". Apurações feitas pela Anistia mostram que, no momento do tiro, não houve confronto ou troca de tiros. Além disso, segundo a ONG, os agentes tentaram retirar o corpo para modificar a cena do crime. No entanto, familiares e vizinhos não permitiram.

Ainda segundo a entidade, a mãe de Eduardo acusou o PM da morte e ele teria respondido dizendo: “Assim como eu matei seu filho, eu posso muito bem te matar porque eu matei um filho de bandido, um filho de vagabundo”.

A Anistia disse que “não há legítima defesa de policiais quando um menino de dez anos, desarmado, morre com um tiro de fuzil na cabeça disparado por um policial militar” e que a decisão só reforça a “rotina de impunidade, falta de responsabilização e de controle do uso da força letal pela polícia no Rio de Janeiro”.

A Anistia Internacional afirma esperar que o Ministério Público "rejeite a conclusão equivocada do inquérito e que os autores desse homicídio sejam responsabilizados".

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