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Brigas banais potencializam violência entre jovens, avaliam especialistas

Sem números oficiais, profissionais sugerem que questões culturais podem ter consequências graves

São Paulo|Thiago de Araújo, do R7

MC Daleste foi morto com um tiro em Campinas
MC Daleste foi morto com um tiro em Campinas MC Daleste foi morto com um tiro em Campinas

A morte de Daniel Pellegrini, o MC Daleste, no último sábado (6) em Campinas, no interior paulista, reascendeu o debate em torno da violência envolvendo jovens em São Paulo. O crime, ainda não esclarecido, possibilita inúmeras suposições acerca de sua autoria, mas ressalta alguns problemas de cunho social em festas frequentadas por uma maioria entre 15 e 25 anos.

Com um público com potencial para excessos, medidas de segurança, como policiamento ou preocupação com a saúde, são fundamentais para shows, bailes e festas voltadas a esse público jovem. Justamente essa falta de segurança, de acordo com amigos e familiares, propiciou que uma pessoa armada tivesse acesso ao show e disparasse contra MC Daleste.

— Com jovens, qualquer coisa, como uma fofoca ou um esbarrão, podem ter consequências mais graves. Se algum deles porta uma arma de fogo, a situação torna-se muito perigosa. Quem sai de casa armado acha que só dá para resolver as coisas assim. Se você somar isso a shows em que o produtor está pouco preocupado com segurança, querendo otimizar o ganho com ingressos junto a um público que não consome muito, você terá uma situação ainda pior. Temos problemas de fiscalização, de segurança, então é preciso tomar cuidado antes de se envolver com eventos assim – concluiu Lordello.

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Tanto a SSP (Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo) quanto a PM (Polícia Militar) não possuem dados estatísticos sobre mortes em shows, festas ou casas noturnas. Especialistas consultados pela reportagem do R7 apontam para um mesmo caminho. O primeiro deles é que, entre jovens, qualquer problema considerado banal pode ter proporções violentas. Essa condição não é exclusiva de bailes funk na periferia, por exemplo, podendo ser registrado em qualquer tribo urbana contemporânea.

Para Jorge Lordello, especialistas em segurança pública e privada, um simples desentendimento em uma festa majoritariamente formada por jovens possui um potencial para alavancar incidentes mais sérios, adicionando a presença de questões sociais, como a imaturidade, algo ainda mais potencializado pela ingestão de bebidas alcoólicas.

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— A questão vai muito além de bailes funk ou eventos na periferia. Se você ampliar o espectro, em festas de adolescentes e jovens não é incomum ouvir relatos de brigas. Tivemos aquele incidente no estacionamento de uma lanchonete de São Paulo [no dia 7 de junho, Diego Ribeiro foi baleado e morreu após sair de uma balada, na Barra Funda], e é uma prova dessa situação. Existe um fenômeno de antecipação de fases, os jovens tendo atitudes de adultos cada vez mais cedo, e isso inclui coisas boas e ruins.

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Diretor executivo da ONG Educafro (Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes) e especialista em Direitos Humanos, David Santos comenta que a busca por afirmação dos jovens fora de casa também apresenta influência daquilo que eles vivem dentro dela, como se dá a estrutura familiar de cada um deles.

— Falando do funk, da periferia, sempre existe um estigma de sensualidade exacerbada. Concordo que o problema é social e envolve a juventude como um todo. Muitos desses jovens, sem orientação, muitas vezes vindos de famílias fragmentadas, acabam buscando o amor que não possuem em casa nas ruas. Assim, não é anormal que se antecipem, façam coisas que não deveriam com essa idade.

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