O advogado do Consulado Geral da Bolívia em São Paulo, Felipe Prado, afirmou que representantes da comunidade boliviana reivindicaram por mais segurança durante reunião, que aconteceu nesta segunda-feira (1º). O encontro aconteceu hoje e foi marcado após a morte do menino Brayan Yanarico Capcha, assassinado com um tiro na cabeça durante um assalto.
— Eles queriam cobrar mais do consulado, coisas que não pertencem ao consulado e sim a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. O consulado é como se fosse um cartório, é a parte da documentação.
Durante o encontro, o cônsul Jaime Valdívia apresentou aos bolivianos o que foi feito pelo consulado para dar assistência à família de Brayan. Dentre as ações, o consulado pagou todo o translado do corpo do menino, além da passagem aérea para que a família voltasse para Bolívia. Além disso, o cônsul disse que os pais tiveram toda a assistência jurídica no caso.
Discriminação e violência
Durante a reunião, os bolivianos também informaram ao cônsul sobre o bullying sofrido por algumas crianças bolivianas em escolas de São Paulo e também sobre o tratamento discriminatório recebido em unidades de saúde.
A costureira Marisa Flores contou que mora no Brasil há mais 20 anos e disse que sua filha de seis anos já foi vítima de bullying. A garota, que estuda em uma escola municipal da capital paulista, teve até pertences roubados.
— Sumiu o lanche e o caderninho.
De acordo com Marisa, os furtos aconteceram mais de uma vez.
Os manifestantes denunciaram ainda que a discriminação também acontece em unidades de saúde. O costureiro Santos Teodoro diz que o tratamento algumas vezes é feito com ignorância.
— Não tem documento, começa a discriminação.
E, como se não bastasse os problemas com a linguagem e o fato de estarem longe de casa, eles ainda reclamam da violência.
O boliviano Guichi Maitas, 37 anos, veio para o Brasil há 12 anos e queria virar empreendedor. Porém, um fato em 2010 interrompeu esse sonho: ele foi assaltado dentro de sua casa no Brás.
Maitas conta que eram 21h quando ladrões invadiram a casa armados e assustaram a família dele. Segundo o boliviano, ele teve que se ajoelhar e pedir para que não atirassem. Os bandidos levaram máquinas de costura e dinheiro.
O boliviano afirma que teve um prejuízo de cerca de R$ 75 mil e entrou em dívidas.
— Tive que trabalhar dia e noite para pagar tudo isso.
Hoje, Maitas estava na manifestação e reivindicava a saída do cônsul. A queixa dele é que na época do crime pediu ajuda ao consulado e não teve.
— Eu guardo o B.O. até hoje para mostrar ao cônsul.