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Familiares de vítimas do massacre do Carandiru vão pedir indenização ao Estado

Ação também vai exigir que governo reconheça as 111 mortes e peça perdão oficialmente

São Paulo|Giorgia Cavicchioli, do R7

Massacre do Carandiru deixou 111 mortos
Massacre do Carandiru deixou 111 mortos Massacre do Carandiru deixou 111 mortos

O advogado de direitos humanos Carlos Alexandre Klomfahs disse, nesta quinta-feira (6), em coletiva de imprensa em memória das vítimas do massacre do Carandiru, que entrou com uma ação indenizatória contra o Estado de São Paulo por conta das declarações do desembargador Ivan Sartori após votar pela anulação dos cinco júris. Segundo Sartori, os policiais que entraram na casa de detenção no dia 2 de outubro de 1992 para matar os presos agiram em "legítima defesa".

— Também pedimos que o governo do Estado de São Paulo reconheça o que aconteceu no Carandiru, reconheça as mortes e peça perdão oficialmente para todas as vítimas e para todas as famílias do massacre.

Mesmo acreditando que está "fazendo a sua parte", o advogado que representa a filha de uma das vítimas do massacre diz que não tem certeza se vai conseguir ou não essa indenização.

— Vamos dar mais um voto [de confiança] para a Justiça. Porque, no primeiro processo que nós entramos, o juiz acolheu e condenou o Estado de São Paulo em R$ 20 mil. Porém, o Tribunal de Justiça acolheu a prescrição. 

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A coletiva de imprensa realizada no Bom Retiro reuniu mães de várias pessoas mortas pela violência do Estado — em sua maioria negras, pobres e da periferia — que afirmam que massacres como o do Carandiru acontecem todos os dias pelas ruas do Brasil e principalmente em São Paulo.

A fundadora do movimento Mães de Maio, Débora Maria da Silva, afirmou: "Nós estamos hoje aqui para dizer que 'Carandiru nunca mais'. O Estado não mata só os nossos filhos, ele mata nós também. Daqui a pouco nós não temos mais o Mães de Maio".

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— Eles não têm ética o suficiente para criminalizar mães que estão lutando atrás da Justiça. Eu sou mãe de um rapaz que trabalhou o dia todo de atestado médico e que a polícia veio e arrancou ele da minha vida. Eu pergunto quem é o crime organizado deste Estado e deste País.

Sobrevivente de massacre do Carandiru chora e diz que alguns presos “morreram só de olhar para os policiais”

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O massacre

O episódio do massacre do Carandiru aconteceu no dia 2 de outubro de 1992. Tudo começou com uma briga entre presos e acabou virando uma rebelião. Na época, a polícia foi autorizada pelo secretário de segurança da época, Luiz Antônio Fleury Filho, a entrar no presídio com armas. Durante a invasão, policiais mataram 111 presos, sendo que 90% das vítimas foram atingidas na cabeça e pescoço. O massacre durou 30 minutos e nenhum policial morreu ou ficou gravemente ferido. Dos mortos no dia, 84 deles ainda não tinham sido condenados.

Relembre a história do complexo penitenciário do Carandiru:

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