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Jovem é suspeito de furtar dezenas de árvores para montar “jardim particular” em Guarulhos

Mesa e bancos também foram levados do parque Cana Verde, entregue em 2013

São Paulo|Lumi Zúnica, especial para R7

Erivaldo mora com outros 17 membros da família em uma pequena casa de uma comunidade dominada pelo tráfico
Erivaldo mora com outros 17 membros da família em uma pequena casa de uma comunidade dominada pelo tráfico Erivaldo mora com outros 17 membros da família em uma pequena casa de uma comunidade dominada pelo tráfico

Na manhã da quinta-feira, 25 de outubro de 2013, uma inusitada ocorrência chamou a atenção dos investigadores da Delegacia de Crimes Ambientais de Guarulhos, na Grande São Paulo. Um homem teria levado mais de 35 árvores de um parque público, além de grande quantidade de grama, uma mesa e dois bancos de concreto.

O parque Cana Verde, entregue em dezembro, estava em fase de construção quando os furtos aconteceram. Ele ocupa o que era uma grande área de várzea próxima ao córrego Baquirivu, no bairro Haroldo Veloso, e oferece aos munícipes dois campos de futebol, academia popular de esportes, aparelhos para crianças e áreas de lazer.

Funcionários do parque perceberam o sumiço das árvores, que incluíam palmeiras, jabuticabeiras, pitangueiras, palmitos juçara e arecas locuva (uma espécie de palmeira ornamental) e comunicaram à Guarda Civil Municipal do Meio Ambiente, que passou a investigar o caso.

Logo, a guarda localizou Erivaldo Ribeiro da Silva, de 20 anos, suspeito de levar as árvores. O curioso é que ele não as comercializou, mas as replantou no terreno onde mora com os pais e 15 irmãos. Conduzido até a delegacia, foi aberto inquérito por furto e receptação. Ele responde em liberdade.

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A reportagem foi até a casa de Erivaldo, onde as árvores ainda estão plantadas. Conheça a história da família.

Um paisagista na favela

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O gosto por plantas e paisagismo Erivaldo herdou dos pais, que dizem adorar hortas e jardineiras.

Tempos atrás, a família recebeu uma doação de “pallets”(engradados de madeira) de um caminhoneiro. “Fizemos a cerca”, disse a mãe Valdira Pacheco Ribeiro, de 39 anos, apontando com ar de orgulho para uma cerca de madeira de mais de 2 m de altura que se estende no entorno do terreno.

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A mesma madeira serviu também para construir algumas jardineiras. Ainda há muitos pallets empilhados em frente à casa que serão usados para terminar a cerca, ainda inacabada, e para fazer um viveiro para patos e galinhas, conforme relata Valdira com os olhos brilhando de esperança.

Nas jardineiras, podem ser vistas algumas das árvores que sumiram do Parque Cana Verde.

Foi essa vocação para o paisagismo que levou Erivaldo a ganhar um grande problema. Ele diz que não furtou as árvores. Afirma que uma pessoa apareceu na comunidade vendendo cada exemplar a R$ 10. A mãe acabava de receber o dinheiro da Bolsa Família. Resolveram comprar todas e as plantaram no terreno, que surge como um oásis no meio a tanta desolação e pobreza. Um ponto verde em meio ao maciço cinza e avermelhado dos casebres da comunidade aonde a estética desenvolve conceitos próprios e quase sempre relacionados à violência.

Quanto a empregar o dinheiro em paisagismo mesmo tendo necessidades básicas para atender, Erivaldo, a mãe e o pai são uníssonos ao afirmar que querem melhorar de vida e olhar para uma paisagem bonita faz eles se sentirem bem.

— As crianças podem brincar e nós ficamos felizes olhando para o parquinho.

A inocência na resposta deixa entrever uma sinceridade comovente nos olhos do casal.

Erivaldo queria fazer um jardim para a mãe, e tem o sonho de construir uma granja e “ter minhas criações” disse embargado de emoção. Mas o fato é que o jardim dos sonhos provocou seu indiciamento por furto e receptação e pode se transformar num pesadelo na vida da família.

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