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Conheça a história do homem suspeito de furtar um parque para alegrar a família

Erivaldo mora em uma pequena casa em Guarulhos com outros 17 integrantes da família

São Paulo|Do R7

19/01/2014 - 00h12 (Atualizado em 20/04/2024 - 07h46)

No
meio de uma comunidade dominada pelo tráfico, onde pichações demarcam o domínio
da facção criminosa PCC, um terreno de quase 1.000 m² se estende às margens de
um córrego e um campinho de futebol improvisado onde crianças jogam bola em
chão batido. É ali que mora Erivaldo Ribeiro da Silva, de 20 anos,
suspeito de
roubar dezenas de árvores de um parque em Guarulhos e replantá-las no terreno
de sua casa

Reportagem de

Lumi Zúnica, especial para R7

O gosto por plantas e paisagismo Erivaldo herdou dos pais, que dizem adorar hortas e jardineiras. Foi essa vocação para o paisagismo que levou a Erivaldo a ganhar um
grande problema. Ele diz que não furtou as árvores. Afirma que uma
pessoa apareceu na comunidade vendendo cada exemplar a R$ 10. Erivaldo queria fazer um jardim para a mãe e a família acredita que olhar para uma paisagem bonita faz eles se sentirem bem

No
terreno, há um galinheiro feito de restos de tapume e uma casa de alvenaria
onde moram os 18 integrantes da família. Um dormitório para os garotos, outro
para as meninas, um terceiro para o casal

A
pequena sala que serve de albergue aos três filhotes de vira-lata também recebe
o calor de uma fogueira que aquece a moradia. A cozinha onde não tem gás para
preparar os alimentos e um banheiro precário completam a construção

O
piso, que alterna chão batido com um cimentado já ruído pelo tempo, está
impecável e as roupas da família arrumadas em pilhas ordenadas sobre
prateleiras improvisadas. A maioria dos beliches está quebrada e alguns dos
garotos dormem no chão. Num canto da sala, um engradado contém todos os
alimentos da família: arroz, feijão, açúcar

A
comida dos cachorros está estendida sobre uma tábua no exterior da casa. São
restos de pele doados por um açougueiro que secam ao sol junto com pedaços de
osso e gordura seca

Neste
cenário, o casal Edenilson Pereira da Silva, de 52 anos, natural de Bom Jesus
da Lapa (BA), e Valdira Pacheco Ribeiro, de 39 anos, mora faz oito anos e criou 17 filhos, entre os
quais dois casais de gêmeos

Evelin
e João, de nove anos, e Geisiele e Franciel, também gêmeos, de dois anos de
idade. Franciel faleceu cinco meses atrás com infecção hospitalar. Dos demais filhos,
o mais velho, de 21 anos, está preso por roubo no CDP (Centro de Detenção Provisória)
de Guarulhos. Os demais estão desempregados ou são pequenos demais para
trabalhar

“O
terreno nós ganhamos por causa da Samira”, disse Valdira, lembrando que a
décima filha, hoje com dez anos, foi operada do pulmão no Hospital Geral de
Guarulhos aos dois meses de nascida, quando conheceram a sra. Edelzira,
aposentada que “adotou a família”, doando roupas, leite em pó e até o terreno
onde moram numa invasão, pelo qual a aposentada pagou mil reais e doou à
família

Também
Samira faz parte de uma pequena parcela da população que sofre de um dos males
mais temidos da humanidade até pouco tempo atrás: hanseníase. Ela, a mãe e a
irmã Ludmila de 15 anos se tratam no Cecap com Premedizona, medicamento que combate
a doença, também conhecida como lepra. As marcas nas pernas das crianças são
visíveis e apesar dos males físicos elas ainda esboçam sorrisos durante a
visita da reportagem

A
família sobrevive com o que consegue catando material para reciclagem e com a
ajuda de R$ 640 do programa Bolsa Família, além de alguns bicos de funilaria e
jardinagem que Erivaldo consegue eventualmente

Tempos atrás, a família recebeu uma doação de “pallets”(engradados de
madeira) de um caminhoneiro. “Fizemos a cerca”, diz Valdira apontando com ar de orgulho para uma cerca
de madeira de mais de 2 m de altura que se estende no entorno do
terreno. Nas jardineiras, podem ser vistas algumas das árvores que teriam sumido do Parque Cana Verde

No meio de uma comunidade dominada pelo tráfico, onde pichações demarcam o domínio da facção criminosa PCC, um terreno de quase 1.000 m² se estende às margens de um córrego e um campinho de futebol improvisado onde crianças jogam bola em chão batido....

No meio de uma comunidade dominada pelo tráfico, onde pichações demarcam o domínio da facção criminosa PCC, um terreno de quase 1.000 m² se estende às margens de um córrego e um campinho de futebol improvisado onde crianças jogam bola em chão batido. É ali que mora Erivaldo Ribeiro da Silva, de 20 anos, suspeito de roubar dezenas de árvores de um parque em Guarulhos e replantá-las no terreno de sua casa Reportagem de Lumi Zúnica, especial para R7

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