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Braço direito de Joesley Batista fica em silêncio durante CPI

Ricardo Saud está preso e foi convocado para depor no Congresso

Brasil|Fernando Mellis, do R7


Ricardo Saud era diretor de relações institucionais da J&F
Ricardo Saud era diretor de relações institucionais da J&F

O ex-diretor de relações institucionais do grupo J&F e da JBS Ricardo Saud não quis falar durante depoimento na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) Mista da JBS no Congresso, nesta terça-feira (31).

A sessão começou pouco antes da 10h. Na abertura, o presidente da CPI, Ataídes Oliveira (PSDB-TO), apresentou Saud como sendo "protagonista nas ações controladas que envolveram Rodrigo Rocha Loures [ex-deputado federal], Frederico Pacheco [primo de Aécio Neves] e Roberta Funaro [irmã do operador de propinas Lúcio Funaro]".

O ex-executivo, que foi braço direito de Joesley Batista na entrega de propinas a políticos, disse que como o acordo de delação premiada dele foi suspenso em caráter “cautelar”, usaria o direito constitucional de permanecer em silêncio.

Questionado se ele voltaria a colaborar com a Justiça disse:


— Pode ter certeza que tão logo as premissas do acordo [de delação] sejam reestabelecidas, ninguém tem mais interesse em falar do que eu. [...] Eu quero ajudar o País, mas na primeira vez que eu sentei para falar a verdade, eu fui preso. Então eu vou ficar calado.

Saud também se recusou a falar caso a sessão fosse reservada, sem a presença de jornalistas.


A defesa solicitou, então, que Saud fosse dispensado, o que foi rejeitado pelo presidente da comissão.

— Dispensar não. Ele tem o direito de não responder, mas nós temos direito de perguntar.


Ricardo Saud está preso desde o dia 10 de setembro. Atualmente, ele permanece no complexo penitenciário da Papuda, em Brasília.

Entre as questões que Saud se recusou a responder estava a do senador Lasier Martins (PSD-RS), sobre eventual ameaça de morte a ele feita pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima, também preso na Papuda.

O deputado Laerte Bessa (PR-DF) chegou a confrontar o ex-executivo e o chamou de "mentiroso".

— Ele está preso porque mentiu. Tanto que ficou provado naquelas conversas que eles se gravaram.

Diante das recusas em responder, o relator da CPI, deputado Carlos Marun (PMDB-MS), engrossou o tom com Ricardo Saud.

— O senhor é um funcionário da empresa, bem remunerado, claro, mas o senhor é peão. Talvez, até em um primeiro momento, achou bonito estar junto com os donos ali, mas se o senhor não quiser passar uns bons anos na cadeia, deve começar a pensar em falar a verdade sobre isso. A única chance que o senhor tem de sair ainda novo da cadeia é falar a verdade que não apareceu. Essa CPI se coloca até solidária a um servidor da empresa, quem sabe, para intermediar esse processo.

A sessão foi encerrada por volta de 12h30. 

Auxiliar de Janot

O colegiado aprovou a convocação do procurador Eduardo Pelella, ex-chefe de gabinete de Rodrigo Janot (ex-procurador-geral da República), na condição de testemunha. Segundo Ataídes Oliveira, ele não aceitou convite para comparecer à CPI. 

O deputado Wadih Damous (PT-RJ) falou que é necessário ouvir o assistente do ex-procurador-geral. 

— Há fatos objetivos em relação ao doutor Pelella que emergiram dos depoimentos que nós já tomamos aqui. Então, em relação a esses fatos de suma gravidade, que extrapolam a sua atividade como procurador é que nós queremos ouvi-lo.

Também foi aprovada a convocação do empresário Victor Garcia Sandri, amigo íntimo do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, que teria intermediado financiamentos para a JBS junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Os parlamentares também aprovaram a realização de uma audiência pública, ainda sem data para ocorrer, com objetivo de discutir pontos para "aprimorar" a lei que trata das delações premiadas. 

Foram convocados o juiz federal Sérgio Moro; o procurador da República Deltan Dallagnol; o ministro do STF Gilmar Mendes; o idealizador da Lei da Ficha Limpa, juiz Márlon Reis; e o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Cláudio Lamachia. 

Antes da sessão, o deputado Carlos Marun disse que espera concluir os trabalhos antes do recesso parlamentar, em 22 de dezembro. 

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