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Caso Carrefour norteia lançamento de curso para gestores em segurança

O estudo foi organizado após o assassinato do cidadão negro, João Alberto de Freitas, no supermercado Carrefour de Porto Alegre

Brasil|Do R7


Reitor José Vicente anunciará a criação do Núcleo de Estudos e Pesquisas
Reitor José Vicente anunciará a criação do Núcleo de Estudos e Pesquisas

José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares e líder do Movimento AR e Jefferson Nazário, presidente da Fenavist – Federação Nacional apresentam na próxima terça-feira (29), às 11h a pesquisa Segurança sem Preconceito, realizada pela professora Susana Durão, da Unicamp.

O estudo foi organizado após “o assassinato do cidadão negro, João Alberto Silveira de Freitas, no supermercado Carrefour de Porto Alegre, que revelou, além da barbárie e crueldade dos seguranças contra um cliente, a espantosa e gravíssima omissão dos funcionários na brutal execução criminosa”, como explica o reitor José Vicente.

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De acordo com Susana Durão, a pesquisa mostra que “o setor de segurança privada opera sem governança” e que “ficaram claros aspectos que dificultam a regulação da violência e a luta contra as manifestações de racismo neste segmento”.

Os profissionais do setor, segundo Susana, “se sentem desamparados em termos de orientação no trabalho, especificamente no quesito do controle emocional”. As entrevistas com os jovens negros mostram “o quão subjetivas e intrusivas são as discriminações de que são alvo em serviços que implicam controle e vigilância”, diz a professora da Unicamp.

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Para ela, “o estudo alerta que hoje é impossível negar a presença do preconceito e da discriminação na sociedade brasileira, penalizando frequentemente pessoas e grupos por sua cor”.

O estudo - realizado com gestores de representação sindical e associativa do setor de segurança privada, profissionais que atuam em atividades de controle ou vigilância e negros militantes de direitos raciais em grupos e núcleos - está detalhado no livro Caso Carrefour, Segurança Privada e Racismo: Lições e Aprendizados, editado pela Unipalmares, a ser lançado no mesmo dia.

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Guia de Boas Práticas

Além do livro, o primeiro resultado objetivo do levantamento é o Guia de Boas Práticas em Segurança Patrimonial Privada Preventiva e Protetiva, assinado por Susana, que também será apresentado no evento com 10 propostas concretas para a segurança patrimonial privada no futuro.

Entre elas estão: “Definir e separar as identificações e exigências na segurança das práticas de discriminação com preconceito, trabalhadas nos procedimentos-padrão”; “avaliar a necessidade de instrumentos e técnicas de proteção para profissionais nas abordagens extremas com treino mais eficaz para formas de imobilização não violenta de agressores”; “orientar cursos e treinos para mudanças ético-comportamentais nas empresas e nos profissionais”.

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De acordo com a professora de Antropologia, o guia será distribuído pelos associados da Fenavist e outras entidades de classe e atores do setor de segurança privada, além de atingir também o mercado contratante. Ela diz que “o objetivo é envolver mais empresários e gestores nas soluções de segurança”.

Curso

Não é de hoje que o assunto preocupa. Tanto isso é verdade que, desde agosto de 2020, a Universidade Zumbi dos Palmares vinha pensando no Comitê Segurança sem Preconceito, cuja implantação foi acelerada e ocorreu seis dias após a morte do cliente do Carrefour de Porto Alegre.

No dia do evento, o reitor José Vicente anunciará a criação do Núcleo de Estudos e Pesquisas Segurança do Futuro, responsável pelo Curso para Gestores de Segurança Privada, que deverá ser iniciado no segundo semestre deste ano.

Além do reitor José Vicente e de Susana Durão, o evento contará com a participação de Jefferson Nazário, presidente da Fenavist, que prefacia o livro e lembra que “a pesquisa também evidencia que a atividade de segurança privada está no caminho certo, embora haja ainda muito trabalho a ser feito, pois há grande incompatibilidade no Brasil entre o discurso e a realidade que se apresenta”. Referindo-se ao caso Carrefour, diz que “é importante frisar que este tipo de atitude, preconceituosa e perversa, tem dentro do setor da segurança privada tolerância zero”.

Evento exclusivo para imprensa. Credenciamento até as 9h da terça-feira, 29/06, pelo whatsapp (11) 95134 9665. Universidade Zumbi dos Palmares, Av Pres. Castelo Branco, 94. Ponte Pequena.

Além do livro, também acaba de ser lançado o Guia de Boas Práticas em Segurança Patrimonial Privada Preventiva e Protetiva, assinado por Susana Durão. São 10 propostas para a Segurança Patrimonial Privada do Futuro que, de acordo com ela, “podem ser implementadas imediatamente”.

As dez propostas são:

1. Produção de filosofias e protocolos ético-deontológicos nas empresas, com respeito declarado aos direitos humanos e civis;

2. Atenção à qualidade das interações, humanizadas e sem preconceitos, materializada em um plano de uniformes adequados e agradável, não ostensivo;

3. Favorecer recrutamentos mais plurais, com variação étnico-racial e de gênero;

4. Definir e separar as identificações e exigências na segurança das práticas de discriminação com preconceito, trabalhadas nos procedimentos-padrão;

5. Avaliar a necessidade de mais instrumentos de proteção para profissionais nas abordagens extremas, como recurso a algemas e outros, e, em caso de validação, atribuir limites e responsabilidades severas quando o uso for indevido;

6. Melhor definição das áreas exclusivas de atuação da segurança patrimonial privada, em relação tanto às atividades policiais quanto à área de avaliação e gestão de perdas;

7. Promover responsabilidade social, local e comunitária nas empresas de segurança;

8. Promover capacidade de diálogo e tolerância entre os profissionais da segurança;

9. Orientar cursos e treinos para mudanças ético-comportamentais nas empresas e nos profissionais;

10. Promover treinamentos curtos para desenvolver saberes relacionais, comunicacionais e preventivos nos profissionais de segurança.

O Guia destaca ainda seis medidas a serem adotadas em médio prazo:

1. Dignificar a profissão, os e as agentes de segurança privada;

2. Melhorar as condições infraestruturais de trabalho;

3. Garantir apoio psicológico aos profissionais nas empresas de segurança;

4. Investir na compliance empresarial na segurança, de modo efetivo e constante;

5. Integração e organização sistêmica das empresas;

6. Apoiar o desenvolvimento de estudos permanentes sobre o setor de segurança patrimonial privado.

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