As denúncias de violações contra os direitos humanos de mulheres e crianças explodiram no Brasil desde março de 2020, início da pandemia do novo coronavírus no país, segundo o Portal da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, que reúne dados dos serviços Disque 100 e Disque 180.
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O Disque 100 atua como serviço de proteção de crianças e adolescentes com foco em violência sexual. Desde a criação do portal, no dia 1º de março deste ano, até o dia 26 de maio, o sistema registrou 85.257 denúncias, que ultrapassam em 11% as 76.529 recebidas pelo Disque 100 no período de janeiro a junho do ano passado.
O Disque 180, que atende mulheres vítimas de violência, registrou 46.510 chamados no 1º semestre de 2019.
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Entre as quase 90 mil denúncias catalogadas de março a maio de 2020, o portal também separou as solicitações relacionadas à pandemia do novo coronavírus.
O destaque entre as categorias é a "Exposição a Risco de Saúde", com 12.573 casos. Outras violações referem-se "Exposição" (2.907), "Constrangimento" (1.717) e "Maus-tratos" (1.104). O Portal da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos é atualizado diariamente.
Ainda de acordo com a plataforma, a grande maioria das violações relacionadas à pandemia ocorre em pessoas socialmente vulneráveis. São pelo menos 9.551 denunciantes que pertenceriam a este grupo.
"A maioria das denúncias de violência e negligência contra crianças chegam aos órgãos de proteção por meio de educadores e cuidadores. Como as creches e escolas não estão funcionando, esses casos não são apresentados aos serviços de proteção”, afirmou o especialista em direitos da infância, juventude e direitos humanos, Ariel de Castro Alves, conselheiro do Condepe (Conselho Estadual de Direitos Humanos) de São Paulo.
O pico de registros foi no dia 23 de março, com 751 denúncias.
Assim como no ano passado, o estado de São Paulo lidera o ranking de registros relacionados à covid-19, com 3.740 denúncias. Também seguindo a ordem da lista de 2019, em seguida estão Rio de Janeiro, com 1.865, e Minas Gerais, com 1.040.
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*Estagiário do R7, sob supervisão de Clarice Sá