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O que está em jogo nas eleições com o julgamento de Lula

Ex-presidente corre risco de ter candidatura barrada pela Ficha Limpa, mas PT promete anunciar Lula à Presidência mesmo em caso de condenação

Brasil|Fernando Mellis, do R7


Lula tentará recursos para viabilizar candidatura
Lula tentará recursos para viabilizar candidatura

O PT pretende oficializar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência a todo custo, mesmo que seja mantida a condenação dele na Lava Jato, nesta quarta-feira (24). Diante disso, na visão de pesquisadores e políticos, o cenário eleitoral brasileiro de 2018 será de incerteza.

O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) diz que a decisão dentro do partido é uma só: Lula terá a candidatura registrada até agosto — prazo final para o registro.

— A análise jurídica que a gente tem é a de que é possível registrar a candidatura mesmo com ele condenado. Isso levaria a uma disputa no TSE [Tribunal Superior Eleitoral] e depois no STF [Supremo Tribunal Federal].

O julgamento do recurso no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) contra a condenação de nove anos e seis meses estabelecida pelo juiz Sérgio Moro é decisivo para Lula e para o PT.

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Ainda que a defesa do ex-presidente consiga protelar a uma eventual prisão, algo seria inevitável com a condenação em segunda instância: ser pego pela Lei da Ficha Limpa.

Para o senador Cristovam Buarque (PPS-DF), recorrer à Justiça contra a Ficha Limpa seria “um golpe”.

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— Isso é, talvez, legalmente possível, mas é um golpe. Eles [PT] que tanto faltam em golpe estariam dando um golpe. Não reconhecer a Justiça é um golpe. O PT pensa só no PT. Ainda que a Justiça estivesse errada, se ela condenou Lula, ele deveria recorrer e não disputar as eleições neste ano. Não é o momento.

Ele acrescenta que “o Brasil caiu em um buraco negro político”.

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— Se o Lula for absolvido, é a desmoralização completa da Lava Jato. Mas se o Lula for condenado [em segunda instância], há um grande risco de ter um candidato sub judice [aguardando nova decisão da Justiça] que pode chegar ao final vitorioso e não tomar posse. Aí teremos outro presidente, que não foi o eleito, que não vai ter a credibilidade para levar o Brasil adiante.

O ex-presidente terá uma série de recursos no STJ (Supremo Tribunal Federal), TSE e no STF para tentar garantir a presença nas eleições deste ano. Mas, para o deputado federal Miro Teixeira (Rede-RJ), as tentativas jurídicas têm data para acabar.

— Claro que ele buscará a suspensão desses efeitos pelos recursos previsíveis. Mas terá um momento em que essa batalha se esgotará, que é o momento do registro [da candidatura] na Justiça Eleitoral [15 de agosto].

Plano B

O cientista político e professor da UnB (Universidade de Brasília) David Fleischer avalia que o PT não tem um plano B para a ausência de Lula nas eleições.

— Muitos integrantes do PT estão envolvidos na Lava Jato, o que dificulta muito [a candidatura]. Além disso, mesmo que o Lula seja cabo eleitoral de alguém, não terá a mesma força porque ele mesmo está com a imagem desgastada por força das acusações.

Por outro lado, a coordenadora do Núcleo de Estudo dos Partidos Políticos Latino-americanos da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), professora Maria do Socorro Sousa Braga, considera que uma decisão judicial desfavorável a Lula também poderia ser bem aproveitada politicamente.

— Tem uma parte do campo eleitoral mais próximo à esquerda que defende que a eleição sem o Lula é um golpe. Quanto mais eleitores abraçarem essa ideia, talvez o Lula consiga transferir votos para outro candidato. Tudo depende de como o campo eleitoral mais próximo à esquerda vai fazer essa leitura.

Ela destaca o fato de que hoje a esquerda tem menos de 30% dos votos no Brasil.

— A esquerda precisa se unir e precisa chegar ao centro, porque precisa de um eleitorado maior. Mas, sem dúvida, que se o Lula continuar na disputa, a facilidade para a esquerda será maior.

O deputado Zarattini acrescenta que se Lula permanecer como candidato, isso “vai levar a uma conversa com outros partidos da esquerda”, porém, não descarta a possibilidade de alianças nos Estados com partidos que hoje integram a base de Michel Temer (MDB).

— Vamos analisar caso a caso. Lógico que a gente tem Estados em que temos governadores, como Bahia, Ceará, Acre, Piauí, onde a gente tem composição com partidos que estão na base do governo temer. Isso é um complicador, mas terá que ser discutido.

Pesquisa Ibope feita em outubro do ano passado apontava o petista com 35% das intenções de voto, seguido de Jair Bolsonaro (13%). A ex-senadora Marina Silva aparecia com 8% e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, com 5%.

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