Pela segunda vez em quatro anos, a Record TV recebeu nesta terça-feira (30), em Madri, o Prêmio Internacional de Jornalismo Rei da Espanha — a mais importante premiação de jornalismo nas línguas portuguesa e espanhola.
O vencedor na categoria TV foi o documentário Os Piratas da Amazônia, exibido pelo Câmera Record em março de 2018. É a quinta vez em 36 edições que uma emissora de TV brasileira conquista o prêmio.
Durante a premiação, rei Felipe VI reforçou que o bom jornalismo deve combater as notícias falsas, que impedem que os cidadãos formem suas opiniões corretamente.
“Parabenizo o trabalho valente dos jornalistas, que contribuem para a formação de sociedades mais livres e mais democráticas”, disse o rei.
O editor Marcelo Magalhães e o repórter investigativo Daniel Motta receberam o troféu das mãos do rei Felipe VI.
“Já tinha sido uma honra enorme ver o nosso trabalho investigativo ser premiado há três anos. Ter novamente este reconhecimento de um dos prêmios de jornalismo mais importantes do mundo é espetacular”, afirma Magalhães, que também conquistou o Prêmio Rei da Espanha em 2016 com a reportagem “As Eternas Escravas”.
Responsável pela apuração e captação em campo, Daniel Motta se disse impressionado com a repercussão da reportagem entre os outros premiados.
“Eles nos paravam para elogiar, tinham curiosidade em saber os detalhes dos bastidores e destacaram que a matéria foi um trabalho jornalístico completo e de excelência”, afirma Motta.
O júri da premiação valorizou “a qualidade extraordinária de um trabalho jornalístico louvável” e destacou “a dificuldade de obter os depoimentos em vídeo”. Além disso, enfatizou “sua qualidade e sua excelente estrutura.”
“O trabalho tem uma fotografia extraordinária, muito atenta aos detalhes, com planos muito expressivos. A montagem do som torna a reportagem muito atraente, se apoiando no som ambiente, música e efeitos sonoros. A edição e pós-produção conferem ao trabalho uma grande uniformidade”, descreveram os jurados.
O editor de pós-produção Caio Laronga e o sonoplasta Rafael Ramos também representaram o Câmera Record na cerimônia.
“A montagem do programa foi feita de maneira bem cuidadosa e com muito capricho por se tratar de um assunto tão delicado quanto o da família Harteau. Na edição, eu me senti dentro da história. São tantas horas de trabalho que não tem como não se envolver com o caso”, conta Laronga.
“O meu objetivo durante o processo de sonorização é aproximar o telespectador da realidade retratada na reportagem. Despertar a empatia para que ele vivencie aquilo, ainda que à distância”, complementa Ramos.
O documentário “Os Piratas da Amazônia” mostra a ação de gangues que aterrorizam comunidades ribeirinhas da Ilha de Marajó, no Pará.
Um dos ataques ganhou repercussão internacional: em 2017, uma família americana foi assaltada em uma balsa durante sua viagem pelo Brasil.
Com exclusividade, Adam e Emily Harteau conversaram com a equipe do Câmera Record pela internet. Emily revelou uma informação até então desconhecida: foi abusada sexualmente por um dos piratas.
O estuprador foi identificado graças a intermediação do jornalista Daniel Motta. Ele mandou fotos e vídeos para os americanos, que reconheceram Anderson Lobato como o agressor.
O documentário mostra, ainda, outras vítimas, anônimas. Mas que, assim
como os americanos, sofreram com a violência e a barbaridade dos piratas.
Também participaram do trabalho vencedor do Prêmio Rei da Espanha os repórteres Domingos Meirelles e Anna Paula Mello; os editores de pós-produção Lucas Augusto, Victor Haar e Carlos Francisco; os sonoplastas Renan Larangeira e Fábio Martins; Pablo Soares e Demètrius Argyrioy, responsáveis pelas artes; o editor-executivo Gustavo Costa; e o chefe de redação, Rafael Gomide.
Assista a trecho da reportagem: