O julgamento dos acusados de encomendar o assassinato do jornalista Valério Luiz de Oliveira foi adiado depois que os advogados do ex-presidente do Atlético Goianiense, Maurício Sampaio, apontado como um dos mandantes do crime, deixaram o plenário na manhã desta segunda-feira (2).
Logo no início do julgamento do processo, que foi a juri popular, o defensor Bruno Martins contestou a competência do juiz Lourival Machado da Costa de conduzir o caso e argumentou que a análise deveria ficar com o 4º Tribunal do Juri. Com isso, a lista de jurados também seria alterada e a apreciação do caso adiada.
O magistrado negou o pedido e afirmou que a lista tinha sido disponibilizada para a defesa, que não se manifestou na ocasião. A promotora Renata Souza lembrou que o Tribunal de Justiça e o Superior Tribunal de Justiça já haviam confirmado a data do julgamento, depois de negar os recursos da defesa para novos adiamentos.
A defesa passou a alegar Lourival Machado seria parcial. Como Machado reforçou que não iria adiar o julgamento, os advogados, insatisfeitos, afirmaram que abandonariam o tribunal até que o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) julgasse o pedido de suspeição do magistrado.
Após a saída dos advogados, o assistente da acusação, Valério Filho, pediu que a postura dos advogados fosse analisada pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). O juri foi remarcado para 13 de junho, em um novo adiamento. Os advogados receberam uma multa de 100 salários mínimos, o equivalente a R$ 121.200.
Estava prevista a transmissão ao vivo da sessão, mas, após um pedido do MP, a audiência não foi gravada.
O julgamento
Ao todo, cinco réus são julgados pela morte do jornalista esportivo Valério Luiz de Oliveira, assassinado em 5 de julho de 2012. Por volta das 14h, logo depois da gravação do programa "Jornal de Debates", ele foi alvo de seis tiros enquanto deixava a rádio 820 AM, no Setor Serrinha, em Goiânia. O autor dos disparos estava em uma moto.
De acordo com a denúncia, Maurício Sampaio teria sido o mandante da morte e Urbano de Carvalho Malta teria contratato o cabo da Polícia Militar do estado Ademá Figueiredo para assassinar o radialista. O açougueiro Marcus Vinícius Pereira teria ajudado a planejar o crime. Djalma da Silva é outro PM envolvido no caso e é acusado de atrapalhar as investigações.
Sampaio estaria insatisfeito com as críticas feitas pela vítima à direção do Atlético-GO, que iam desde comentários sobre a compra de resultados ao uso de drogas por jogadores. Na época, Sampaio era vice-diretor do clube. Valério tinha 49 anos quando morreu.
Em 2019, o juiz Jesseir Coelho de Alcântara declarou que o tribunal teria estrutura física adequada para promover o julgamento, que foi adiado. Em seguida, Alcântara disse que era suspeito para presidir o processo por motivo de foro íntimo e foi substituído por Lourival Machado da Costa.