O Distrito Federal registrou 26 casos de feminicídio apenas neste ano. De 2017 a 2022, já foram mais de mil registros desse tipo de crime por ano no país. Após o crime, a perícia atua para conseguir provas. A Record TV ouviu duas peritas criminais para explicar como funciona o trabalho da perícia na solução de casos de feminicídio.
A diretora do Instituto de Criminalística da Polícia Civil do DF, Beatriz Figueiredo, explica que existem protocolos específicos para investigação e perícia em casos suspeitos de feminicídio. "A Polícia Civil investiga toda morte de mulher como um potencial feminicídio", disse.
Beatriz afirma que a cena do crime pode indicar aos peritos a rotina da vítima, ou até mesmo outras violências sofridas antes da morte — como a psicológica e sexual.
"Qualquer vestígio, quando a gente analisa ele sob o viés de gênero, pode ter uma série de outros significados. Fotos rasgadas, instrumentos de trabalho ou de estudo que foram quebrados. Isso tudo a gente entende como violência simbólica. O agressor tenta provocar dor na mulher antes de matá-la."
O perito de local recolhe vestígios e leva o material para o instituto de criminalística da Polícia Civil. A partir daí, uma nova etapa se inicia na investigação.
No laboratório de biologia forense, a autoria do crime será confirmada ou descartada, em um trabalho minucioso. Todos os casos de crimes contra a dignidade sexual — como estupros e crimes contra pessoa, como o feminicídio e homicídio — passam por lá.
"A gente recebe esse material, que são os vestígios coletados em cenas de crime, e trabalhamos principalmente com os crimes contra a dignidade sexual (estupros e importunação sexual) e os crimes contra a pessoa (homicídios e feminicídios)", explica a perita criminal Karina Silveira.
A profissional afirma que, com o uso de um produto químico, é possível ver se há vestígios de sangue da vítima, mesmo que o autor tente limpar a cena do crime, por exemplo. Segundo Karina, a Polícia Civil consegue identificar materiais genéticos ou biológicos tanto em roupas da vítima e agressor, quanto em objetos como malas, sapatos e na arma usada durante o crime.