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Especialistas apontam as lições das eleições de 2024 que devem ser usadas em 2026

Estudiosos entrevistados pelo R7 destacam quais fatores impactaram no pleito do último dia 6 e devem se repetir daqui a dois anos

Eleições 2024|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília

Primeiro turno das eleições de 2024 ocorreu em 6 de outubro Antonio Augusto/TSE - Arquivo

O uso das redes, a dificuldade de partidos criados pós-ditadura em angariar votos, a manutenção de uma frente ampla e a divisão do campo da direita estão entre as lições das eleições municipais de 2024 para o pleito de 2026, na visão de especialistas ouvidos pelo R7. O primeiro turno, realizado no dia 6, consagrou o fortalecimento dos candidatos e partidos de centro e de direita nas capitais, enquanto a esquerda perdeu força.

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“Eu acredito que a maior lição das eleições de 2024 tem a ver com o uso das redes. Agora, as redes sociais são redes de exposição. Em vez de conexões entre seguidores, como ocorreu com o Twitter [atual X], ou no caso de amigos, como o Facebook, existem outras redes, como o Tik Tok e Instagram, que têm essa característica de distribuição”, relata o cientista político e pesquisador da Universidade de Helsinque, na Finlândia, Kleber Carrilho.

O cientista político e advogado Nauê Bernardo Azevedo destaca que as redes sociais passaram a ser agentes extremamente importantes e decisivos na hora de o eleitor decidir o seu voto.

“Se antes as redes eram instrumentos apenas de destruição, instrumentos que poderiam provocar algum tipo de corrosão na imagem de candidato, hoje são importantes veículos de comunicação e também um acesso mais direto do eleitor com o candidato”

(Nauê Bernardo Azevedo, cientista político e advogado)

A cientista política na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) Mayra Goulart avalia de forma semelhante.


“No caso da direita, a principal projeção para 2026 é a divisão em dois polos ou mais. Sendo um mais moderado e mais preocupado na capilarização de um projeto menos radicalizado. O outro lado é mais radicalizado e com relação mais direta com as suas bases, passando menos pela mediação de partidos e alianças.”

Frente ampla

Segundo Goulart, a construção de uma frente ampla por alguns candidatos para reunir apoiadores de todos os espectros políticos também é uma lição para o pleito de 2026. “O caso do Rio de Janeiro, com Eduardo Paes, é um modelo de uma configuração de frente ampla. Uma vitória importante de um prefeito, com muito investimento do governo federal, mas que não escondeu o apoio em nenhum momento e não trouxe a ideologia para o centro do seu discurso”, analisa.


Mayra Goulart vê o modelo como interessante e com chances de voltar no pleito de 2026. A construção de uma frente ampla também é um ponto citado por Kleber Carrilho.

“Há dúvidas de que o bolsonarismo vai estar unificado nas eleições de 2026, mesmo que Bolsonaro consiga sair candidato [atualmente, o ex-presidente está inelegível até 2030]. Talvez haja um racha importante, o que pode ser uma boa notícia para o presidente Lula se ele souber reconstituir uma frente ampla no pleito daqui a dois anos. Essa frente ampla vai ter que ser renegociada para garantir a reeleição”, afirma.


“Ainda mais com o regime orçamentário que nós temos hoje no Brasil, a importância dos vereadores e prefeitos aumenta. Essas figuras são essenciais na hora de determinados apoios e oferecem estrutura nos mais diversos rincões do país para candidatos à esfera federal”, completa o cientista político Nauê Bernardo Azevedo.

Eleições de 2024

O primeiro turno das eleições municipais, realizado no último dia 6, consagrou o fortalecimento dos candidatos e partidos de centro e direita nas capitais. Das 26 capitais brasileiras, 11 definiram seus vencedores no primeiro turno, todos eles de partidos de centro e direita.

O PSD foi a legenda com mais vitórias, conquistando três prefeituras: no Rio de Janeiro (RJ), em Florianópolis (SC) e em São Luís (MA). O PL elegeu dois prefeitos em capitais no primeiro turno, Maceió (AL) e Rio Branco (AC), e vai disputar o segundo turno em outras nove.

Em contraste, apenas o PSB elegeu um prefeito entre os partido de centro-esquerda: João Campos, em Recife (PE). O PT não elegeu nenhum prefeito nas capitais no primeiro turno, mas garantiu presença no segundo turno em quatro.

Embora o cenário político nacional esteja polarizado, o primeiro turno das eleições foi marcado pelo protagonismo na disputa entre partidos de centro e de direita, em vez de uma polarização estrita entre PT e PL.

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