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Marina Silva pede ao Senado para revisar mudanças no licenciamento ambiental aprovadas pela Câmara

Ministra do Meio Ambiente diz que proposta aprovada por deputados ‘cria gravíssimos problemas para o licenciamento’

Brasília|Augusto Fernandes, do R7, em Brasília

Marina diz que projeto da Câmara 'cria gravíssimos problemas'
Marina diz que projeto da Câmara 'cria gravíssimos problemas' Marina diz que projeto da Câmara 'cria gravíssimos problemas'

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, pediu a senadores nesta terça-feira (12) que alterem trechos de um projeto de lei aprovado em 2021 pela Câmara dos Deputados que modificou os procedimentos para o licenciamento ambiental no país. Segundo a ministra, o texto da Câmara “cria gravíssimos problemas” para o licenciamento e para a proteção e o uso sustentável do meio ambiente e dos recursos naturais.

“Eu diria que o projeto que veio da Câmara, se não for aperfeiçoado, e aí é o papel dessa Casa, com todo o respeito aos senhores deputados, fazer esses aperfeiçoamentos. Se for aprovado tal como veio da Câmara dos Deputados, eu diria que a gente cria gravíssimos problemas para o licenciamento”, afirmou Marina durante audiência na Comissão de Infraestrutura.

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“E mais do que para o processo de licenciamento, [cria problemas] para a proteção e o uso sustentável do meio ambiente e dos recursos naturais. E mais do que para a proteção e o uso sustentável dos recursos naturais, cria problemas para os empreendedores. Qualquer coisa que saia do padrão que está dentro do marco regulatório leva necessariamente a processos de judicialização”, acrescentou Marina.

O projeto citado por Marina foi apresentado na Câmara em 2004 e aprovado pelos deputados em 2021. No momento, o texto tramita em duas comissões do Senado, a de Meio Ambiente e a de Agricultura e Reforma Agrária. Pelo texto, uma série de obras passaria a ficar isenta da obrigatoriedade de licenciamento ambiental, como saneamento básico, manutenção em estradas e portos, distribuição de energia elétrica com baixa tensão e empreendimentos militares.

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No licenciamento ambiental de serviços e obras de duplicação de rodovias, pavimentação naquelas já existentes ou em faixas de domínio (área sobre a qual se encontra implantada uma rodovia), deverá ser emitida Licença por Adesão e Compromisso, que vale também para o caso de ampliação ou instalação de linhas de transmissão nas faixas de domínio. Marina disse que a licença por adesão deveria servir apenas para empreendimentos de baixo impacto ambiental.

“A licença por adesão como aprovada na Câmara é possível, cria processos de simplificação, mas deve ser tão somente para empreendimentos de baixo impacto. E os de alto impacto não podem ser licença por adesão, porque dessa forma a gente estaria agindo de acordo com um princípio que dentro das instituições públicas não deve ser a base de referência, que é o seguinte: nós partimos do princípio de que tudo é de boa-fé. Mas nós sabemos que nem todos agem de boa-fé”, opinou a ministra.

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De acordo com ela, o poder público precisa mediar a concessão de uma licença ambiental por adesão nos casos de alto risco ao meio ambiente. “Aí é que entra a figura do Estado, para mediar interesses e viabilizar interesses legítimos. Não é errado ter interesse.”

Licença corretiva

O projeto de lei aprovado na Câmara regula o licenciamento ambiental corretivo para atividade ou empreendimento que esteja operando sem licença ambiental válida no momento da publicação da futura lei.

Esse tipo de licenciamento poderá ser por adesão e compromisso. No entanto, se isso não for considerado possível pelo órgão ambiental, o empreendedor deverá assinar termo de compromisso coerente com documentos exigíveis para o licenciamento, como o relatório de controle ambiental e o plano de controle ambiental.

Marina também é contra esse dispositivo e disse que essa regra “precisa ser vista com cuidado” pelo Senado. “O problema é que, na forma que foi aprovado [o projeto], são tantas facilidades que fica mais fácil para o empreendedor fazer um processo ao arrepio da lei, de forma ilegal, e depois ele entra com esse expediente e torna o mecanismo legal. Aí, a gente cria dois pesos e duas medidas”, explicou a ministra.

“Existirão sempre pessoas virtuosas que vão fazer em conformidade com a lei. Alguém fez em desconformidade e entra com licença corretiva, que tem menos exigência, com o argumento: ‘Ah, mas o empreendimento já está feito, foi gasto muito dinheiro, como que vai paralisar essa obra?’. Então, inviabiliza o processo de licenciamento”, completou.

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