O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse nesta terça-feira (23) que “não há nenhum tipo” de crise entre a Casa Alta do Congresso e o Planalto. A declaração ocorre em meio a um momento de tensão e desentendimentos entre a articulação do governo e o Legislativo, especialmente com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
“O diálogo com Planalto continua pleno, com os líderes Jaques Wagner, Randolfe Rodrigues, os ministros Alexandre Padilha e Fernando Haddad. Nosso diálogo é produtivo e aberto. Não há nenhum tipo, nem mínima, de crise entre o Senado e o governo”, comentou.
Pacheco também afirmou que deve se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nos próximos dias. A data do encontro ainda não foi marcada.
Durante o fim de semana, Lula teve um encontro com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Em um café da manhã com jornalistas anteriormente, ele preferiu não comentar sobre o teor da conversa. “Não sou obrigado a divulgar a conversa com Lira”, declarou. Esse compromisso não foi registrado na agenda oficial de Lula.
A tentativa de o governo se aproximar dos presidentes da Câmara e do Senado ocorre em meio à tensão entre o Congresso e o governo, que tem Lira como um dos pivôs. No início deste mês, Lira e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, se confrontaram publicamente e trocaram farpas, em meio a um crescente acúmulo de desgaste desde o ano passado.
Lira afirmou que Padilha é um “desafeto pessoal” e o chamou de “incompetente”. Padilha rebateu as críticas e disse iria “descer a esse nível” das acusações do presidente da Câmara. Dias depois, Lula elogiou o trabalho do ministro, responsável pela articulação política do Executivo com o Congresso Nacional, e afirmou que Padilha permanece no cargo “só de teimosia”.
“Quero agradecer o companheiro Padilha, que está em um cargo que parece ser o melhor do mundo nos primeiros seis meses e depois começa a ser um cargo muito difícil. É como um casamento, nos primeiros seis meses é tudo maravilhoso, não sabe os defeitos da companheira, porque a gente está se conhecendo. Mas aí chega um momento que começa a cobrar. Padilha está na fase da cobrança. É o tipo de ministério que a gente troca a cada seis meses, para que o novo faça novas promessas. Mas, só de teimosia, Padilha vai ficar muito tempo, porque não tem ninguém melhor preparado para lidar com a diversidade do Congresso. A gente deixa de ser unanimidade quando a gente começa a ter divergências, mas a vida é assim. Quero dizer do meu reconhecimento pelo trabalho que você faz, que é muito difícil”, declarou o presidente.