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Sem consenso, Câmara tenta discutir jogos de azar nesta quarta

Assunto é polêmico e sofre críticas da bancada evangélica, que já travou a aprovação da matéria diversas vezes

Brasília|Carlos Eduardo Bafutto, do R7, em Brasília

Máquinas caça-níqueis apreendidas pela polícia em São Paulo
Máquinas caça-níqueis apreendidas pela polícia em São Paulo Máquinas caça-níqueis apreendidas pela polícia em São Paulo

O Marco Regulatório dos Jogos no Brasil, projeto que prevê a legalização e regulamentação de jogos de azar, pode ser votado nesta quarta-feira (23) na Câmara dos Deputados. A votação estava prevista na pauta desta terça-feira (22), mas acabou sendo adiada para hoje pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). O assunto é polêmico e sofre críticas tanto dos partidos de esquerda como da bancada evangélica, que já travou a aprovação da matéria diversas vezes.

"Amanhã tem a possibilidade ainda do PL [projeto de lei] dos jogos, que foi terminada a discussão no período passado", afirmou Lira ontem. A Frente Parlamentar Evangélica quer que o texto seja apreciado depois do Carnaval, quando há previsão de retorno das sessões presenciais.

Com relatoria do deputado Felipe Carreras (PSB-PE), o projeto teve um novo relatório apresentado em plenário no fim de 2021 com alterações como a inclusão do jogo do bicho, cuja realização e exploração são proibidas no Brasil desde 1941. "Não há como um texto desse passar sem ajustes", disse Arthur Lira. O presidente da Câmara afirmou ainda que o acordo no ano passado era encerrar a discussão e deixar o projeto em aberto para que pudessem ser apresentados destaques e emendas ao texto.

Caso o projeto vire lei, haverá anistia a todos os acusados de exploração de jogo ilegal nas modalidades citadas no texto. Serão ainda extintos todos os processos em andamento quando a legislação for publicada. O projeto prevê a prática e exploração de jogos de cassino, de bingo, de videobingo, online, do bicho e apostas turfísticas (corridas de cavalo).

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Se aprovado, a exploração de jogos de azar poderá ser realizada por pessoas jurídicas licenciadas pelo órgão regulador e supervisor federal. No caso das corridas de cavalo, as entidades precisarão estar credenciadas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e poderão pedir licença para explorar também os jogos de bingo e videobingo.

Para a advogada especialista em relações governamentais Gabriella Miranda, o Marco Regulatório dos Jogos no Brasil reacende um debate que se arrasta por décadas no Congresso.

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"Uma das questões mais importantes de observar é a aprovação do substitutivo apresentado em 2021 ao PL 442/1991. Ele contém a previsão de anistia, ou seja, extinção da punibilidade dos condenados e/ou acusados de exploração de jogo ilegal naquelas modalidades que passarão a se tornar então legalizadas, bem como extinção automática das ações em curso sobre tais práticas, a partir da entrada em vigor da lei", pontuou a especialista. 

A advogada lembrou ainda que a aprovação implicará a criação de um grande sistema fiscalizatório por parte do governo em torno dos estabelecimentos que se credenciarem para a exploração de jogos.

Isso torna imprescindível a gestão de processo de compliance%2C a fim de evitar lavagem de dinheiro%2C financiamento do terrorismo e narcotráfico%2C cujo ordenamento jurídico brasileiro tem se blindado desde a deflagração da operação Lava Jato

(Gabriella Miranda – Advogada especialista em relações governamentais)

O advogado criminalista João Paulo Boaventura explicou que, após a publicação da lei, se opera a abolitio criminis e, como consequência, a extinção da punibilidade. "Em outras palavras, a lei nova passa a não mais considerar crime ou contravenção penal o fato anteriormente tipificado como ilícito penal, de modo que se extinguem todos os efeitos penais em favor daqueles que respondiam judicialmente por tais atos", alertou.

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