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Sem presidentes de EUA e China, especialistas veem esvaziamento de acordos na COP28

Com a ausência de lideranças importantes, o presidente Lula reconheceu que a discussão no evento 'pode não ser decisiva'

Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília


Conferência ocorre em Dubai, nos Emirados Árabes
Conferência ocorre em Dubai, nos Emirados Árabes

A ausência de alguns dos principais líderes mundiais na Cúpula do Clima da ONU (COP28) deve fazer com que o debate fique limitado e pode atrapalhar a definição de compromissos globais, avaliam especialistas ouvidos pelo R7. Joe Biden e Xi Jinping, presidentes dos EUA e da China, respectivamente, não participarão do evento. Portanto, os dois maiores emissores mundiais de gases de efeito estufa não serão representados por seus chefes de Estado. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu que "pode não ser decisiva" a discussão durante a conferência, que ocorre em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

"A não participação [de Biden e Xi Jinping] na elaboração de acordos e diretrizes da COP28 fragiliza compromissos globais de grande dimensão, na medida em que, sendo esses países os maiores poluidores, a contribuição em termos de impacto ambiental é distribuída para todos os outros países", afirma o biólogo e pesquisador Frank Alarcón, doutor em bioética pela Universidade Federal Fluminense (UFF). 

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A professora de relações internacionais da Universidade de Brasília Ana Flávia Barros concorda que a ausência dos líderes "esvazia qualquer processo multilateral". Ela afirma que a China e os EUA até mantêm discussões paralelas sobre o tema, mas isso exclui outros países do debate e da tomada de decisões. 

"Os chineses produzem, mas não consomem tudo, ao passo que os norte-americanos têm um alto padrão de consumo. Além disso, os dois presidentes estão dialogando bilateralmente sobre opções de descarbonização da economia, às margens da COP deste ano. O lado positivo é que eles precisam mesmo estar engajados na construção de soluções no prazo o mais curto possível, haja vista a emergência climática que eles muito contribuíram para agravar. O lado negativo é que não sabemos o que estão combinando e não participaremos das decisões deles", explica Ana Flávia. 

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Para a gestora de políticas públicas Barbara Krysttal, a presença desses líderes fortaleceria a COP28 e auxiliaria outras nações a determinarem novas metas e avançarem em cooperações. No entanto, ela ressalta que o cenário pode favorecer o protagonismo brasileiro. "O Brasil tem mais oportunidade e campo para trazer temas relevantes ao mundo e atuar como protagonista frente aos desafios do clima e da sustentabilidade."

O consultor ambiental e especialista internacional em governança e administração de terras Richard Torsiano explica que a China avança com um programa para construir mais usinas de energia movida a carvão e "resiste a se comprometer com uma meta concreta para reduzir o uso de combustíveis fósseis". Ele também critica os EUA pela falta de Biden. "A ausência do presidente Joe Biden na COP28 coloca em dúvida o efetivo comprometimento do país com ações concretas para a redução do aquecimento global. Essas ausências prejudicam articulações de mais alto nível e acordos que dependem da presença dos presidentes", afirma.

A advogada e professora de direito internacional da USP Maristela Basso lembra que os EUA e a China se farão representar pelo corpo diplomático. "A assinatura dos presidentes em eventuais acordos ou declarações pode ocorrer depois, com mais tempo e debates", completa. A vice-presidente americana, Kamala Harris, participa de uma cúpula climática global em Dubai. 

Perspectivas de Lula

Além de não enxergar uma discussão decisiva durante a COP28, Lula disse não acreditar em um acordo para que os países ricos de fato impulsionem o desenvolvimento dos mais pobres. Às vésperas do início da conferência, o presidente sinalizou negativamente à pergunta a respeito da possibilidade de chegar a um acordo na promessa feita pelos países ricos de alocarem US$ 100 bilhões aos países mais pobres para que estes se adaptem à mudança climática.

"Eu não acredito. Eu sinceramente acho que é preciso, primeiro, que as lideranças políticas do mundo tomem decisões mais corajosas e mais rápidas. Nós precisamos ter uma governança global para cuidar do planeta", argumentou.

Na sequência, Lula criticou ações dos Estados Unidos. "Até hoje os EUA não cumpriram o Protocolo de Kyoto. O Acordo de Paris não foi cumprido quase em lugar nenhum do mundo. Se os governantes democratas querem continuar sendo acreditados pelo povo, é preciso que a gente comece a fazer as coisas que as pessoas estão achando que devemos fazer. Não dá para brincar."

Apesar dessa avaliação, a COP28 aprovou, durante o primeiro dia, um fundo climático para financiar ações de correção de perdas e danos dos países vulneráveis. Serão aproximadamente US$ 420 milhões para apoiar países afetados pelo aquecimento global.

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