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Vítimas de trabalho escravo podem ser priorizadas em editais públicos, prevê projeto no Senado

Proposta muda a Lei de Licitações para criar um percentual destinado ao grupo; lei já inclui mulheres vítimas de violência

Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília

Operação PRF contra trabalho análogo ao da escravidão
Operação PRF contra trabalho análogo ao da escravidão Operação PRF contra trabalho análogo ao da escravidão

Trabalhadores resgatados de situação análoga à da escravidão poderão ter prioridade em contratações previstas em editais de licitação pública. É o que prevê um novo projeto de lei que será analisado pelo Senado. 

A proposta modifica a Lei de Licitações para autorizar os editais a incluir uma exigência de contratação de pessoas retiradas de situação análoga à da escravidão. O texto prevê o estabelecimento de um percentual mínimo para que a mão de obra a ser contratada para a execução do projeto atenda esse grupo. 

Na lei, a regra já é prevista para beneficiar mulheres vítimas de violência doméstica e pessoas que façam parte ou tenham saído do sistema prisional. "É preciso avançar na promoção da inclusão social e no combate às desigualdades. Portanto, cabe ao Estado promover tais ações afirmativas, na busca da igualdade social", justifica a senadora Augusta Brito (PT-CE), autora do projeto. 

O texto traz como base dados do Ministério do Trabalho e Emprego para justificar a relevância. Informações da pasta mostram que, em 2022, o Brasil encontrou 2.575 pessoas em situação análoga à de escravo, maior número desde os 2.808 trabalhadores de 2013. "Com isso, o país atinge 60.251 trabalhadores resgatados desde a criação dos grupos especiais de fiscalização móvel, base do sistema de combate à escravidão no país, em maio de 1995." 

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A Justiça do Trabalho calcula que, desde 2017 até junho de 2022, foram julgados mais de 10 mil processos que reconheceram a situação de trabalhadores em condições análogas à da escravidão. Entre 2020 e 2021, houve um aumento de 41% nessas causas. 

"Dessa forma, o presente projeto de lei visa a inserir os trabalhadores resgatados dessas situações e lhes dar uma nova chance de poder trabalhar com dignidade e respeitos aos seus direitos. O problema é grave e deve ser enfrentado pelas autoridades públicas", ressalta a autora. 

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A proposta ainda precisa ser despachada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para encaminhar o texto às comissões que farão a análise antes de levá-lo à votação em plenário. 

Caso recente

Em 22 de fevereiro, uma operação realizada em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, resgatou mais de 200 trabalhadores de condições análogas à da escravidão, que atuavam na colheita de uva e no abate de frangos. A maioria dos trabalhadores era moradora da Bahia e não tinha dinheiro para voltar para casa, já que os empregadores controlavam as finanças.

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O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, afirmou que o caso não é um episódio único. "Não se trata de um caso isolado, sabendo como são as relações de trabalho no nosso país", disse o ministro durante participação da 52ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU).

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