Chef leva clientes para dentro de comunidade no Recife (PE), unindo turismo e gastronomia
Geiseane, conhecida como Negralinda, conta como transformou sua realidade ao levar turistas para conhecer a cultura da região
Cidades|Isabelle Amaral, do R7, enviada a Gramado (RS)*
![Após ter sucesso em seu negócio, Geiseane criou instituto para capacitar mulheres](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/MFYI6GDL7RO3DELI6HKFPRFLQQ.jpg?auth=029d1323e6dc2e1b701c1635c1835ad1dfc0080e925d340782151a7e42142a9e&width=1500&height=844)
A junção da criatividade com o empreendedorismo pode fazer as pessoas mudarem sua realidade. Foi o que ocorreu com a chef de cozinha Geiseane de Ataíde, conhecida como Negralinda. Para promover melhor o seu negócio e atrair clientes para dentro da comunidade Ilha de Deus, no Recife (PE), a mulher uniu o turismo com a gastronomia do mangue.
"Minha equipe e eu desenvolvemos um turismo de base comunitária. A gente leva as pessoas para conhecer a cultura da região, e esse tour termina no meu bistrô, dentro da comunidade. Lá, a gente fecha essa experiência, já que durante todo o processo contamos sobre histórias e raízes da região. No fim, eles degustam a culinária local", explicou Negralinda em entrevista ao R7, durante a Gramado Summit, na quinta-feira (13).
O cardápio principal do estabelecimento é a comida do manguezal, com frutos do mar. Nas redes sociais do bistrô, a chef aparece ao ensinar algumas receitas, como sururu ao coco, pastel de sururu, cuscuz recheado com sururu, mariscada e outras delícias — o que atrai mais clientes.
Mas esse não foi o único empreendimento de Geiseane, que também já trabalhou com a venda das cerâmicas que fazia. Além disso, ela tem um importante papel na região por ser a ativista social que criou o Instituto Negralinda, com o objetivo de formar empreendedoras, incentivar o empreendedorismo e ajudar, principalmente, mulheres periféricas, quilombolas e ribeirinhas a criar seu próprio negócio.
Instituto Negralinda e o impacto social
O Instituto Negralinda é formado por mulheres que atendem o público feminino no Recife e em regiões do entorno, para incentivá-las a empreender. "Nossa ideia é transformar as mulheres em protagonistas de suas próprias histórias", enfatizou Geiseane.
![Instituto Negralinda capacita e incentiva mulheres a empreender](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/ZI6L6QE42FI2FDGMA7XXQU6DB4.jpg?auth=722dc63a1008373b90a10077059688949ed9dd147d9afad8e8ebe7e5065fbbe2&width=527&height=369)
Por meio de palestras, cursos e oficinas, as participantes são estimuladas a criar negócios criativos e inovadores, tanto na área da gastronomia quanto em artesanato e turismo. Profissionais experientes apoiam o desenvolvimento e a implementação desses negócios.
Esses cursos têm parceria do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) do Recife. "O acesso para a gente, mulher negra e de periferia, é muito mais difícil. Essas oportunidades mostram que nós podemos chegar aonde almejamos. É só ter foco e seguir em frente", ressaltou Negralinda.
Palco para questões sociais na Gramado Summit
Pela primeira vez em seis anos, a Gramado Summit trouxe visibilidade às inovações vindas de favelas no Brasil, como o negócio aberto por Geiseane. Além dela, o Instituto Ascendendo Mentes e a Gerando Falcões também tiveram a oportunidade de apresentar mais sobre a transformação nas comunidades que ainda continuam a ser estigmatizadas.
O evento, que teve início na quarta (12) e termina nesta sexta-feira (14), contou com 10 mil participantes de todos os estados brasileiros, com mais de 500 empresas expositoras e 350 palestrantes que estimulam o empreendedorismo, a inovação e a tecnologia.
*A jornalista viajou a convite da Gramado Summit