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'É pelos meus amigos que eu falo', diz oitava vítima no julgamento

Cristiane dos Santos é a terceira pessoa a depor, neste sábado (4), no tribunal do júri dos réus acusados pela tragédia da Kiss

Cidades|Fabíola Perez, do R7, em Porto Alegre (RS)

Cristiane dos Santos, que perdeu 15 amigos e conhecidos naquela noite
Cristiane dos Santos, que perdeu 15 amigos e conhecidos naquela noite Cristiane dos Santos, que perdeu 15 amigos e conhecidos naquela noite

Agente administrativa da Prefeitura de Santa Maria, Cristiane dos Santos é a terceira pessoa a depor, neste sábado (4), no tribunal do júri dos réus acusados de ser os responsáveis pelo incêndio na boate Kiss, em Porto Alegre. Emocionada e com um conjunto de medicamentos em mãos, ela disse que, embora se sinta desconfortável em reviver a tragédia, decidiu abordar o assunto como uma forma de lembrar os amigos que morreram na casa noturna em janeiro de 2013.

"Eu tenho que falar pelos meus amigos que não estão mais aqui. É por eles que eu falo", diz ela. Cristiane, que é a oitava vítima ouvida no julgamento, disse ter perdido 15 amigos e conhecidos naquela noite.

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Ela vive em Santa Maria, mas está em Porto Alegre desde terça-feira (30) para acompanhar o julgamento. "Deixei meus três filhos em casa, mas estou aqui por quem não pode mais falar", afirmou ao juiz Orlando Faccini Neto.

Na noite da tragédia, a funcionária disse que caiu no chão da boate no início do incêndio e, ao se levantar, começou a procurar os amigos.

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"Saí da boate e me enrolei nos guarda-corpos e caí em cima do táxi", lembra. “Vi umas seis pessoas atiradas no estacionamento do Carrefour. Eu passava por cima dos corpos para procurar ele [amigo]".

Ao conseguir sair da boate, Cristiane ligou para o irmão para dizer que havia deixado o local em segurança. “Disse ao meu irmão que aquilo parecia um filme de terror. Ele chegou lá e me abraçou”, lembra. “Quando cheguei ao portão de casa, eu desabei, porque eu tinha voltado para os meus filhos. Eu tinha que avisar meus filhos que eu estava bem. Fiquei 48 horas sem dormir.”

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Na noite do incêndio, Cristiane contou que, assim que foram divulgados os nomes das vítimas, ela identificou 15 amigos. “Enterrei um com uma camiseta que eu e uns [outros] amigos tínhamos dado de presente de aniversário.”

A sobrevivente afirmou ao Ministério Público que no dia do incêndio a boate estava superlotada, uma vez que, entre os 15 amigos, seis estavam no local, segundo ela, pela primeira vez. Além disso, Cristiane relatou que o estabelecimento estava escuro e quente na madrugada da festa em que a banda Gurizada Fandangueira se apresentou com os artefatos pirotécnicos.

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"Muita gente morreu sem saber o que estava acontecendo."

Cristiane mostrou aos jurados seis remédios diferentes — entre os quais, ansiolíticos de tarja preta — e disse que gasta com eles cerca de R$ 700 por mês. “Eu não vivo sem eles. Por muito tempo comprei do meu bolso e recentemente a associação conseguiu ajuda de uma farmácia", revelou.

Com problemas pulmonares, ela diz que ficou afastada do trabalho durante toda a pandemia. “Tenho crises fortes que me impedem de fazer coisas simples. Meus filhos e meu marido são meus enfermeiros.”

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