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Prisões do Paraguai têm morte e novos conflitos após fuga do PCC

Pelo menos quatro cadeias registraram tensões, mortos ou feridos após a fuga de presos de Pedro Juan Caballero. Vídeo mostra ação da polícia

Cidades|Fabíola Perez, do R7

Fuga de presos do PCC no Paraguai eleva tensões na cadeia de Misiones
Fuga de presos do PCC no Paraguai eleva tensões na cadeia de Misiones Fuga de presos do PCC no Paraguai eleva tensões na cadeia de Misiones

Após a fuga de pelo menos 75 presos da Penitenciária Regional de Pedro Juan Caballero, localizada na fronteira entre Brasil e Paraguai, pelo menos quatro outros presídios do país intensificaram conflitos. Nesta terça-feira (21), foram registradas tensões nos presídios de Tacumbú, Misiones, Cidad del Leste e Encarnación. Além disso, a cadeia de São Pedro foi interditada temporariamente pela polícia paraguaia para busca de armas no local. Até o momento, há um morto e um ferido, na cidade de San Juan Bautista (no departamento de Misiones) e Tacumbú (na capital paraguaia, Assunção), respectivamente. A informação foi confirmada ao R7 pelo Ministério do Interior do Paraguai. 

De acordo com o criminólogo Juan Alberto Martins, pesquisador da Universidade Nacional de Pilar e membro do Conselho Nacional de Ciências Tecnologias (Conacyt), a fuga de presos, a maioria do PCC (Primeiro Comando da Capital), agravou conflitos em outras unidades prisionais do país. "O sistema penitenciário paraguaio é muito falho porque está sustentado em acordos entre autoridades e diferentes grupos e facções que atuam nas cadeias", afirma.

"Um fato tão notório quanto a fuga de 75 pessoas altera o cenário das prisões, sobretudo, porque os grupos rivais veem que o PCC conseguiu êxito na fuga. Este fato por si só produz uma reação em cadeia de medo sobre outros grupos nas demais unidades. Cria-se uma convulsão interna nos presídios."

O criminólogo afirma ainda que em Tacumbú, onde foi registrado um conflito com pelo menos uma pessoa ferida, havia um receio de que o PCC adquirisse mais poder e matasse o principal líder da facção rival, o Clã Rotela. "Isso altera o status quo nas unidades e coloca em risco a vida das pessoas." O pesquisador não acredita, porém, que ocorram novas fugas. "Neste momento há muito controle das autoridades no país."

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Reação institucional fraca

Segundo Martins, a população do Paraguai ainda está assustada com a repercussão da fuga dos pelo menos 75 presos que fugiram da cadeira de Pedro Juan Caballero. Apesar disso, a reação das instituições não foi considerada suficiente diante do fato. "Foi fraca e improvisada. Foram adotadas somente medidas de emergência e a mesma situação deve voltar a ocorrer em breve", afirma. 

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Em junho do ano passado, houve um massacre no presídio de São Pedro, situação em que foi declarado estado de emergência. "O perímetro penitenciário foi militarizado na ocasião, mas em pouco tempo a questão foi esquecida. O sistema prisional paraguaio não age com planejamento estratégico", diz. "O próprio presidente da República fala que eles foram derrotados em uma batalha, mas não perderam a guerra."

"Houve omissão dolosa", diz promotor

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O promotor do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) de São Paulo, Lincoln Gakyia, afirma que houve conivência dos funcionários que atuavam no presídio de Pedro Juan Caballero com a fuga dos presos. "Houve omissão por parte da vigilância no sistema prisional. Ainda que eles tivessem usado o túnel, seria impossível aquele volume de sacos de terra ter sido retirado em 2 horas. Aquilo foi retirado em meses", diz. 

Leia mais: Fuga no Paraguai: 30 agentes que trabalhavam em cadeia são presos

Segundo ele, os protocolos de segurança exigem regras de revista e contagem diária de presos. "Em São Paulo, tem o 'bate-grade' e o 'bate-chão' com um pedaço de ferro para ver se o chão não está oco. "Houve omissão dolosa por parte dos funcionários daquele local."

Embora o promotor considere que o Paraguai tenha evoluído no que se refere ao combate das organizações criminosas, com prisões de importantes integrantes do PCC, brasileiros e paraguaios, ele afirma que o sistema prisional do país ainda é precário.

"Há leniência no sistema, haja visto que Marcelo Piloto (um dos brasileiros apontados como líder do Comando Vermelho) não queria ser deportado para o Brasil. Outro preso, conhecido como Galã, também não queria ser transferido para o Brasil porque tinha televisão, ar condicionado, visita íntima de garotas de programa, etc."

Até o momento, o promotor afirma que não é possível avaliar o impacto da fuga para o Brasil. "Esses fugitivos atuavam mais na faixa de fronteira entre o Paraguai e a Bolívia, possivelmente ele devem voltar para esse tipo de atuação, para implementar o tráfico e o roubo nessa região. Mas as polícias já foram reforçadas nas fronteiras para não permitir que eles venham para o Brasil."

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