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Estudo aponta desaceleração no preço de alimentos no 3º trimestre  

A expectativa de aumento da oferta de produtos como soja, milho, café e algodão contribui para a recente queda dos valores

Economia|Do R7


Produtor rural faz aplicação de herbicida em plantação de soja
Produtor rural faz aplicação de herbicida em plantação de soja

Os preços dos principais produtos agropecuários apontam uma desaceleração no terceiro trimestre deste ano. É o que mostra o estudo Preços e Mercados Agropecuários, divulgado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) nesta sexta-feira (2).

O trabalho, realizado em parceria com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e com o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada/Esalq/USP), acompanha preços domésticos e internacionais, além do balanço de oferta e demanda dos principais produtos agropecuários brasileiros referentes às safras 2021-2022 e 2022-2023.

De acordo com o documento, alguns fatores estão contribuindo para a queda recente dos preços do setor, que estiveram em trajetória de alta desde 2020 — intensificada com o conflito no Leste Europeu.

Entre eles está a expectativa de aumento da oferta de diversos produtos. O Brasil, que é um importante ator no mercado internacional, contribuirá na próxima safra (2022-2023), particularmente, com a soja — crescimento previsto de 22,3% na soja em grão, 5,3% no farelo e 5,3% no óleo frente à safra anterior —, o milho (12%), o algodão (16,7%) e o café (5,6%).

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O trigo, principal produto da pauta de importação do país, deve fechar a safra de inverno de 2022 com alta de 23,7% na produção ante a safra do ano passado. A maior disponibilidade dessas commodities tem contribuído também para a recomposição dos estoques de passagem, que vinham caindo desde o início das políticas de isolamento social estabelecidas devido à pandemia de Covid-19.

“No fim do ano, o cenário de preços agropecuários mais elevados frente a 2021 vai se consolidando. Entre todos os produtos acompanhados, isso não se verificou apenas para o milho, o arroz e a carne suína. No entanto, entre o segundo e o terceiro trimestres do ano, em geral, as cotações dos produtos agrícolas caíram, enquanto os pecuários subiram. As valorizações observadas na pecuária (com exceção do boi gordo) refletiram, em geral, o aumento da demanda característico do período", afirma a pesquisadora do Cepea e professora da Esalq/USP Nicole Rennó.

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Além da oferta dos produtos no mercado, a pesquisadora associada do Ipea e uma das coordenadoras da publicação Ana Cecília Kreter ressalta que as cotações internacionais impactam no preço doméstico, porque o Brasil exporta boa parte dessas commodities.

"Como o país é competitivo e um dos principais players no mercado internacional para a maior parte das commodities agropecuárias, o aumento da demanda internacional implica a elevação dos embarques; vide a China”, avalia a pesquisadora.

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A China, que é o maior importador de commodities agropecuárias do mundo, além de ser o principal destino dos embarques brasileiros, tem sido uma das responsáveis pelo crescimento do preço internacional do boi gordo.

Essa commodity foi a única a registrar aumento contínuo até outubro deste ano e segue a tendência de alta desde 2005, com oscilações cíclicas, mas sempre renovando as máximas históricas. Além da maior demanda, a produção passou por um período de recomposição de rebanho nos principais países produtores, o que impactou a oferta.

Já na comercialização dos grãos, um acordo estabelecido em julho deste ano para a criação de um corredor de trânsito de três portos ucranianos no mar Negro aliviou a escassez de alimentos por conta do conflito entre Rússia e Ucrânia, que são exportadores relevantes também de fertilizantes.

“O acordo, que é visto como uma solução para o comércio desses dois países com o mundo, foi prorrogado em 18 de novembro por 120 dias, e isso contribuiu para aumentar a oferta mundial desses produtos”, explica Kreter.

A crise energética também tem contribuído para a alta nos custos de produção em diferentes etapas da cadeia, uma vez que a energia é um dos itens do cálculo da inflação.

“A combinação do aumento dos custos com a inflação em geral ajudou na desaceleração do consumo mundial e pode impactar ainda mais o consumo por alimentos nos próximos meses”, afirma José Ronaldo Souza Júnior, coordenador de crescimento e desenvolvimento econômico no Ipea.

Na União Europeia, que é o segundo maior importador de commodities agropecuárias do Brasil, o fornecimento de energia foi ainda mais grave. Até fevereiro deste ano, 37,5% do gás consumido na Europa vinha da Rússia, e desde então o bloco tem buscado alternativas para o gás russo.

Apesar das incertezas para 2023, as perspectivas de produção são otimistas. “Até o momento, para a soja, o principal grão produzido no Brasil, o crescimento da área previsto tem sido corroborado com as informações levantadas pela Conab e, não havendo problemas significativos de produtividade, devemos caminhar para uma safra recorde e recuperação das exportações e dos estoques de passagem para o grão no ano que vem”, afirma Allan Silveira, superintendente de inteligência e gestão da oferta da companhia.

Ele acrescenta que o crescimento na área de soja pode ser um bom sinal também para o milho da segunda safra, principalmente pela importância do milho brasileiro no abastecimento do mercado nacional e internacional em um ambiente que ainda é de menores estoques do cereal no mundo.

O levantamento do Ipea conta com a participação do Cepea/Esalq/USP para as análises dos preços domésticos e da Conab para os estudos de produção e dos balanços de oferta e demanda domésticos.

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