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Pesquisa prevê PIB negativo de até 4,4% com efeito do coronavírus

O estudo faz uma projeção do impacto na economia, comparando aos efeitos da crise de 2008 e da greve dos caminhoneiros em 2018

Economia|Ana Vinhas, do R7

Comércio fechado na região central da cidade de São Paulo
Comércio fechado na região central da cidade de São Paulo Comércio fechado na região central da cidade de São Paulo

Esta semana e a próxima serão decisivas para dar a dimensão do impacto da pandemia do coronavírus na economia brasileira. A avaliação é do economista Emerson Marçal, coordenador do Centro de Macroeconomia Aplicada da Escola de Economia da FGV (Fundação Getulio Vargas), que divulgou estudo com projeção do PIB (Produto Interno Bruto) negativo em até 4,4% para este ano, com as consequências da covid-19 no país.

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Caso esse resultado seja confirmado, será a maior queda nominal (sem considerar efeitos da inflação) da economia desde 1962.

O estudo compara os efeitos causados por crises anteriores, como a greve dos caminhoneiros, em 2018, e a crise de 2008, projetando três possíveis cenários: o pior deles é o encolhimento de 4,4%; um outro intermediário prevê queda de 2,5%; e o mais otimista aponta uma estagnação e PIB próximo a 0%. Este último coincide com o divulgado na última sexta-feira pelo Ministério da Economia, após revisão com o aumento dos casos de coronavírus no país. 

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O economista afirma que gestão de crise do governo federal não pode deixar faltar recursos para o combate e controle da doença. “A epidemia e a economia vão andar paralelas. Quando a epidemia subir um degrau, a economia vai descer outro”, afirma. Veja os principais trechos da entrevista: 

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Como o estudo avalia os impactos da pandemia na economia no país?

O impacto do coronavírus virá por dois canais: um canal externo e o canal doméstico. Com a pandemia, a economia americana, a economia da Europa e a economia da China praticamente pararam, ou estão num ritmo de desaceleração muito forte. Com isso, por si só, já iria gerar um efeito muito forte no Brasil sem sombra de dúvida.

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O estudo buscou o que poderia ser algo tão parecido com o que está acontecendo. Seria a crise de 2008. Onde a economia americana parou, gerando efeitos no resto do mundo e no Brasil. Foi um evento muito forte.

Pegamos a magnitude desse efeito sobre o Brasil e sobre os parceiros comerciais brasileiros. Então, foi gerada uma estimativa de quanto seria se o que está acontecendo for similar à crise de 2008, qual seria o efeito sobre a economia brasileira.

Mas tem ainda um mecanismo adicional que é a interrupção da atividade economia por conta da epidemia. A greve dos caminhoneiros há dois anos foi uma coisa parecida com isso, a atividade econômica brasileira também foi interrompida por isso. Usando estatística, o estudo tentou pegar o efeito da greve na economia.

O que deve ser efeito da epidemia no Brasil?

É uma mistura dessas duas crises. Tem um evento muito forte acontecendo lá fora e no Brasil simultaneamente. Uma mistura uma soma do que aconteceu em 2008 com o que aconteceu na greve dos caminhoneiros. Quando você faz isso, simula para frente esse efeito na economia brasileira, a gente chega no número 4,4% que está no estudo.

O estudo está dando uma ordem de grandeza do tamanho do que vem por aí. Só o efeito da greve já dá uma recessão, um crescimento próximo de zero. É a soma de uma coisa similar à greve dos caminhoneiro e mais o efeito de 2008. O resultado do PIB, dependendo do que acontecer, fica entre zero e -4,4.

Mas pode ser pior ainda?

Sim, isso vai depender de quanto tempo a economia brasileira tiver que ficar parada por conta dessa situação. Isso vai depender de como vai evoluir essa epidemia no Brasil.

Não sabemos quão rápido e até onde vai essa epidemia. Se a gente tomar uma trajetória ruim, ou seja, aumentar o número de casos e não conseguir controlar a epidemia domesticamente, aí o efeito vai ser tão ou mais intenso do que o estudo está sugerindo. Se a gente conseguir controlar isso de forma rápida, teremos um impacto próximo ao do estudo.

O estudo dá uma indicação do que pode ser feito?

O que deve ser feito é a gestão de crise não deixar faltar recursos para o controle da epidemia. A casa está pegando fogo e os bombeiros precisam trabalhar, então não pode faltar água para eles. 

Essas duas semanas que estão por vir são muito importantes, porque elas que vão dizer para aonde a gente está indo. Se ficar claro que a nossa trajetória é mais benigna, o custo econômico vai ser alto, mas não deve ser nessa ordem de grandeza que estou falando. Se a gente escalar para uma situação fora de controle, como alguns países, aí eu temo que o cenário que mostramos seja relativamente otimista.

O trabalho que estamos fazendo não é exatamente uma projeção, mas sim um alerta sobre o tamanho da encrenca que a gente está tendo de lidar. Espero que as autoridades consigam lidar com o problema de forma adequada.

Como o senhor avalia a situação?

O que posso avaliar é que as coisas vão andar paralelas. Quanto mais a epideia subir um degrau, a economia vai descer um degrau, na mesma ordem. Tanto é que o negócio escalou nessas últimas semanas no Brasil e as projeções dos economistas desceram vários degraus. Vai ser isso que vai acontecer. Saúde e economia vão andar paralelamente, esse movimento já está acontecendo. Então, em 2020 de qualquer jeito vai ser muito ruim. Já em 2021 e 2022 vai ter reflexo do que aconteceu neste ano, com certeza. Mas quanto mais rápido controlar essa situação, mais rápido o país vai conseguir se recuperar.

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